Covid-19: há mais 31 mortes em Portugal. Casos sobem 2,1%, a taxa mais baixa desde início do surto

É a taxa de crescimento de novos casos mais baixa desde o início do surto em Portugal. Entre 1 e 12 de Abril foram feitos mais testes do que durante todo o mês de Março. A pandemia já fez mais de 112 mil mortos por todo o mundo.

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Controlo policial em Vila Nova de Gaia Nelson Garrido

Portugal registou até esta segunda-feira um total de 535 mortes – mais 31 do que no domingo – e mais 349 novos casos de infecção (num total de 16.934), o que corresponde a um crescimento de 2,1%, a taxa de crescimento mais baixa de sempre em Portugal. Ainda assim, há que ter em conta que o número de testes feitos foi inferior ao dos outros dias: de sábado para domingo foram feitos 5943 testes e, de domingo para segunda, foram feitos 2941 testes. Os números foram divulgados esta segunda-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

A ministra da Saúde, Marta Temido, revelou durante a conferência de impresa diária que de dia 1 de Abril até ao dia 12 foram feitos mais testes do que durante todo o mês de Março, sendo o dia 9 de Abril aquele em que mais testes foram feitos – de quinta para sexta-feira, foram feitos 8406 testes e, nesse dia, a taxa de casos confirmados foi de quase 8%. Entre 1 e 12 de Abril foram feitos 55% dos testes; entre 1 e 31 de Março tinham sido feitos 45% dos testes.

Há 1187 pessoas internadas – mais dez do que no domingo – e 188 pessoas em unidades de cuidados intensivos, menos 40 do que no dia anterior. De acordo com Marta Temido, 88,2% pessoas com diagnóstico de covid-19 estão a ser tratadas em casa, 7% estão internadas (das quais 5,9% em enfermaria no hospital) e 1,1% em unidades de cuidados intensivos. Nas últimas 24 horas, 40 pessoas saíram das unidades de cuidados intensivos “maioritariamente para unidades de internamento geral”. “A diferença justifica-se sobretudo para altas para domicílio”, esclareceu Marta Temido. O número de pessoas recuperadas mantém-se inalterado: são 277. Para se ser considerado “curado”, são precisos dois testes negativos.

A ministra da Saúde referiu ainda que a taxa de letalidade em Portugal é de 3,2% e que, nas pessoas com mais de 70 anos é de 11,2%. Dos óbitos registados esta segunda-feira, 21 eram utentes do SNS com mais de 80 anos. Das 535 pessoas que morreram em Portugal vítimas da covid-19, 86% tinham mais de 70 anos.

O Norte do país continua a ser a zona com mais casos de infecção e mais mortes: são 9984 casos confirmados e 303 vítimas mortais; segue-se a região de Lisboa e Vale do Tejo com 3896 casos confirmados (e 96 mortes) e a região centro que é aquela com mais mortes a seguir ao Norte: são 123 e 2477 casos de infecção. O Algarve tem nove mortes e os Açores quatro; a região do Alentejo e a da Madeira têm 140 e 59 casos, respectivamente, e nenhuma vítima mortal. O concelho do Porto é aquele com mais casos: são 921; no concelho de Lisboa, o segundo com mais casos, há 905 pessoas infectadas.

Há diferenças regionais da taxa de letalidade que podem “reflectir circunstâncias sociais”, analisa a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, na mesma conferência de imprensa. Os números variam de acordo com a distribuição demográfica da população, densidade populacional nas regiões com focos de doença e a concentração de pessoas vulneráveis em instituições. “Existem assimetrias, analisadas diariamente, há uma maior taxa de letalidade na região centro por maior concentração de lares, atingidos pela doença”, explica a directora-geral da Saúde.

No domingo, tinha sido registado um total de 16.585 casos de covid-19 – mais 3,7% do que no dia anterior – e um total de 504 mortes, mais 34 do que no sábado.

Máscaras “sociais” de algodão poderão ser usadas pela população em geral

Ainda esta semana, chegarão do mercado exterior 19 milhões de máscaras, informou Marta Temido, na conferência de imprensa desta segunda-feira. Todas os profissionais de saúde e pessoas com sintomas deverão usar máscaras cirúrgicas, assim como as pessoas mais vulneráveis e profissionais de grupos mais expostos como bombeiros e trabalhadores de funerárias.

A DGS publicar, entretanto, informação sobre uso de máscaras na comunidade. Contempla três tipos de máscaras: os respiradores FFP para profissionais de saúde (modelos 2 e 3), máscaras cirúrgicas que previnem disseminação de agentes infecciosos e, por último, as máscaras não cirúrgicas ou máscaras sociais. “São diferentes dos anteriores. Podem ser de diferentes materiais, como algodão” e são destinados à população em geral e não a profissionais de saúde ou pessoas doentes. Não são dispositivos certificados, mas “como não há contra-indicações” podem ser usadas socialmente, explica a ministra.

É uma medida “adicional” às medidas já anteriormente recomendadas: lavagem das mãos, manutenção da distância social e etiqueta respiratória (como espirrar e tossir para a dobra do braço).

A questão das “máscaras está completamente alinhada com o que diz o ECDC [Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças]”, garante Marta Temido. Os grupos mais vulneráveis devem continuar a ser protegidos. Num contexto “que não é aquele em que estamos hoje, de restrição de actividades essenciais”, em que as pessoas possam estar em espaços fechados, “poderá ser considerada a utilização da dita máscara social”. O objectivo da utilização destas máscaras é que as máscaras cirúrgicas não escasseiem para aqueles que realmente precisam.

“Temos resultados encorajadores” no combate à pandemia, avaliou ainda Marta Temido. “Não queremos perder os resultados adquiridos e temos de ponderar os passos que damos.”

Questionada sobre o número de ventiladores disponíveis, a ministra da Saúde afirmou que “até ao momento não houve nenhuma situação que não tenha sido possível resolver pela coordenação dos hospitais”. “Houve situações de maior constrangimento em Aveiro, mas a situação foi ultrapassada com outros hospitais da rede SNS.”

A doença vai ficar connosco até ser encontrado um tratamento e por isso o reforço das Unidades de Cuidados Intensivos é importante”: se alguma coisa se complicar, há que garantir que há “um ventilador para todos”.

Durante a conferência de imprensa, Marta Temido afirmou ainda que vão chegar do mercado externo 19 milhões de máscaras cirúrgicas e um milhão de respiradores FFP2, assim como equipamentos de protecção individual. Ao mercado interno foram comprados fatos de protecção integral, batas e luvas. Quanto aos ventiladores, “estamos a fazer todos os esforços para entregar ventiladores que já adquirimos”.

A pandemia já fez mais de 112 mil mortos por todo o mundo e, até esta segunda-feira, há mais de 1,8 milhões de casos confirmados em todo o globo. Dos casos de infecção, quase 375 mil são considerados curados. Os Estados Unidos são o país mais afectado até agora: são 22 mil as pessoas que já morreram por causa da covid-19 e, ao todo, há mais de 555 mil casos de infecção no país.

O continente europeu, com mais de 932 mil infectados e 77 mil mortos, é o que regista o maior número de casos, e a Itália é o segundo país do mundo com mais vítimas mortais, contando 19.899 óbitos e mais de 156 mil casos confirmados. Em Espanha, foram registadas 517 mortes nas últimas 24 horas, o que faz com que o total de mortes no país seja de 17.489 – e mais de 64 mil pessoas infectadas.

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