Covid-19: Alemanha e França assinam petição a favor de “pacto verde” na UE
Dez ministros da União Europeia, entre os quais o ministro do Ambiente português, entregaram uma carta à Comissão Europeia onde defendem que a crise actual “sem precedentes” deve ser enfrentada “sem repetir os erros do passado”.
A Alemanha e França juntaram-se esta sexta-feira a uma petição de mais dez países da União Europeia, incluindo Portugal, para que a recuperação económica, uma vez superada a pandemia da covid-19, decorra sob um “pacto verde”.
Na quinta-feira, numa carta entregue à Comissão Europeia, dez ministros da União Europeia, entre os quais o ministro do Ambiente português, João Matos Fernandes, intitulada Fazer da Recuperação da UE um Green Deal (Pacto Ecológico), defendiam que a crise actual “sem precedentes” deve ser enfrentada “sem repetir os erros do passado”.
Os países advogam que as medidas que vão marcar a recuperação económica se concretizem com base no plano apresentado em Dezembro passado pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
Teresa Ribera, vice-presidente e ministra para a Transição Ecológica de Espanha, uma das primeiras a assinar o documento, apela a que a Comissão analise os elementos do “pacto ecológico” para se ir adiantando numa recuperação “em direcção a uma economia compatível com o meio ambiente”. “Uma economia que vá gerar emprego, bem-estar e permita uma resiliência e sustentabilidade nos modos de negócio e produção, pensando numa transição justa”, acrescentou.
Estes países juntam-se à Áustria, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Letónia, Luxemburgo, Holanda, Itália, Portugal e Suécia, segundo um documento divulgado pela agência EFE.
Os subscritores realçaram que, em poucas semanas, a pandemia arrasou o mundo, provocando uma tremenda tragédia humana e um retrocesso histórico cujo impacto completo ainda se desconhece, e insistiram que a prioridade é a luta contra a doença covid-19 e as suas consequências imediatas.
Mas, acrescentaram, a preparação da reconstrução económica deve começar a avançar: “Deveríamos começar a preparar-nos para reconstruir a nossa economia e introduzir os planos de recuperação necessários para trazer progresso e prosperidade renovados e sustentáveis para a Europa e os seus cidadãos”.
Os ministros apelam à capacidade de trabalhar em conjunto e à solidariedade e propõem o aumento dos investimentos na mobilidade sustentável, em energias renováveis, na reabilitação de edifícios, na investigação e inovação, na economia circular e ainda na diversidade biológica.
Foi ainda expresso o desejo de enviar um sinal político ao mundo de que a União Europeia vai liderar o caminho para a neutralidade climática em 2050 e o cumprimento do Acordo de Paris, contra as “tentações de soluções a curto prazo”.
Além do ministro português, a carta é assinada pela a vice-presidente e ministra para a Transição Ecológica de Espanha, Teresa Ribera; a ministra federal de Acção Climática, Ambiente, Energia, Mobilidade e Inovação da Áustria, Leonore Gewessler; o titular de Clima, Energia e Serviços Públicos, da Dinamarca, Dan Jørgenseny; a ministra do Ambiente e Alterações Climáticas da Finlândia, Krista Mikkonen; o ministro do Ambiente, da Terra e do Mar de Itália, Sergio Costa; o responsável da Protecção Ambiental e Desenvolvimento Regional da Letónia, Juris Puce; a ministra do Ambiente, Clima e Desenvolvimento Sustentável do Luxemburgo, Carole Dieschbourg; o ministro dos Assuntos Económicos e da Política Climática dos Países Baixos, Eric Wiebes, e ainda a vice-primeira-ministra sueca, que tem a responsabilidade pela pasta do Ambiente e Clima, Isabella Lövin.
O Pacto Ecológico Europeu, que é o mapa com que a União Europeia tenciona acelerar a sua transição ecológica para uma economia neutra em emissões de dióxido de carbono, até 2050, foi apresentado em Dezembro pela presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen.