Covid-19: em três semanas EUA somam 16,8 milhões de desempregados

Dados divulgados esta quinta-feira dão nota de mais 6,6 milhões de pedidos de subsídio de desemprego registados na semana passada. Fed alarga estímulos à economia com 2,3 biliões de dólares

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Economia está quase parada nos EUA, país com 435.000 casos confirmados de covid-19 LUSA/ERIK S. LESSER

Na semana passada registaram-se mais 6,6 milhões pessoas como desempregadas nos EUA para pedir o apoio do Estado, elevando para 16 milhões e 780 mil o número de pessoas que perderam o seu emprego em apenas três semanas, na sequência do surto da covid-19. Só no Estado da Califórnia perderam-se 925.000 postos de trabalho na semana passada, de acordo com os dados hoje divulgados. Este é um número recorde, e, de acordo com o New York Times (NYT), superior ao registado em dois anos no âmbito da crise financeira.

É como se “a economia como um todo tivesse caído de forma súbita num buraco negro”, afirmou a este diário Kathy Bostjancic, economista-chefe da Oxford Economics nos Estado Unidos.

Há duas semanas, o recorde semanal de registo de pedidos de subsídio de desemprego tinha-se situado nos 3,3 milhões. Depois, este duplicou para 6,65 milhões, valor que foi hoje revisto em alta para 6,86 milhões - estabelecendo-se aqui o máximo histórico. É a estes cerca de dez milhões que se juntam os 6,6 milhões de desempregados hoje divulgados oficialmente.

Fed põe 2,3 biliões de dólares no mercado

Com grande parte da economia fechada e pessoas em casa – um cenário que se assiste um pouco pelo resto do planeta – e sem saber a duração dos impactos do novo coronavírus, as previsões são muito abrangentes, e falíveis, mas o número tenderá a subir, podendo facilmente superar os dois dígitos.

Hoje, a Reserva Federal norte-americana (Fed) afirmou que iria, dentro de um novo pacote de apoios de 2,3 biliões de dólares (cerca de 2,1 biliões de euros ao câmbio actual) para a economia e comprar obrigações municipais no mercado (500 mil milhões de dólares), alargando assim o universo dos estímulos.

De acordo com a nota da Fed, esta medida abrange dívida de curto prazo dos estados, das cidades com mais de um milhão de habitantes ou dos condados com mais de dois milhões de pessoas, com as compras a serem feitas junto das diferentes áreas administrativas através de uma sociedade-veículo criada para o efeito.

Da mesma forma, será incluída dívida de empresas com ratings mais baixos e dívida com maior risco e avança uma linha de financiamento para empresas de média dimensão que, de acordo com o NYT, não estavam abrangidas pelo programa de apoio às pequenas empresas. A ideia é facilitar os empréstimos às empresas que empregam até 10.000 trabalhadores, através dos bancos, com uma duração de quatro anos. A Reuters destaca que esta estratégia apresenta-se como o “maior esforço de sempre”.

“O papel da Fed é o de providenciar o máximo de estabilidade e apoios que forem possíveis durante este período de constrangimentos da actividade económica”, afirmou o presidente da Fed, Jerome H. Powell, em comunicado, acrescentando que as medidas anunciadas irão assegurar que a recuperação, quando chegar, será “o mais vigorosa possível”.

Numa intervenção, citada pelo Financial Times (FT), Powell sublinhou que a Fed tinha o “poder de emprestar, não o poder de gastar”, e que apenas podia avançar com empréstimos a entidades com capacidade de pagamento, em vez de entregar dinheiro.

“Na actual situação que atravessamos, muitos irão beneficiar destes programas [de empréstimos], tal como a economia em geral. No entanto, haverá também vários tipos de entidades que precisarão de apoios financeiros directos em vez de um empréstimo que iriam ter dificuldade em pagar” defendeu.

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