Neandertais conheciam a tecnologia têxtil antes do Homo sapiens

Descoberta de um cordão data de há mais de 40.000 anos e contraria a tese de que os neandertais eram menos avançados tecnologicamente do que o Homo sapiens.

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Ilustração dos primeiros neandertais que viviam em Atapuerca, perto de Burgos, Espanha, há mais de 400.000 anos KENNIS & KENNIS/MADRID SCIENTIFIC FILMS

A primeira prova do fabrico têxtil de cordão data de há mais de 40.000 anos e foi descoberta por uma equipa internacional que inclui investigadores do Centro Nacional de Investigação Científica de Paris (CNRS), divulgou esta quinta-feira a revista Scientific Reports.

A descoberta verificou-se no sítio pré-histórico de Abri du Maras, no Sul da França, e é mais prova que vem contrariar a tese de que os neandertais eram menos avançados tecnologicamente do que o Homo sapiens.

Uma investigação anterior da equipa liderada pela directora de investigação do CNRS, Marie-Hélène Moncel, demonstrou que os neandertais, que viveram entre 350 mil e 28 mil anos, tinham habitado o sítio de Abri du Maras.

A análise microscópica do cordão descoberto revelou que os restos encontrados estavam interligados, provando a sua modificação por seres humanos.

As fotografias mostram três conjuntos de fibras retorcidas, unidas para criar um cordão. Além disso, a análise espectroscópica revelou que esses fios eram feitos de celulose, provavelmente de árvores coníferas.

Esta descoberta destaca capacidades cognitivas por parte dos neandertais, que não apenas tinham um bom entendimento da matemática, devido ao enrolamento das fibras, mas também um conhecimento do crescimento das árvores. Estes resultados são apresentados como a prova mais antiga conhecida da tecnologia têxtil.

Em Março passado, foi divulgado na revista Science uma outra descoberta, em Portugal, que confirmou que os neandertais já praticavam uma economia de subsistência cem mil anos antes do que se julgava. O investigador e coordenador desse estudo, João Zilhão, das universidades de Lisboa e de Barcelona, revelou à agência Lusa, na altura, os resultados da sua investigação na gruta da Figueira Brava, em Setúbal, que mostraram que as populações neandertais, ao longo da costa, já pescavam e recolhiam moluscos.

“Pensava-se que isto só acontecia com as populações do Sul de África, anatomicamente modernas, que, graças ao ómega 3 e outros ácidos gordos, tinham desenvolvido inteligência e capacidades cognitivas iguais às nossas e superiores às dos neandertais”, disse então o investigador.