“Somos Todos Digitais”: uma linha de apoio para pôr idosos online e em segurança
O objectivo da iniciativa “Somos Todos Digitais” é aumentar a literacia digital em Portugal e permitir que mais pessoas possam manter contacto à distância.
A partir desta terça-feira, quem estiver interessado em aprender a utilizar as redes sociais e serviços de mensagens online, em segurança, vai ter um site e uma linha de apoio para onde ligar, todos os dias, entre o meio-dia e as 20h00.
O objectivo da plataforma Somos Todos Digitais é conectar a população com menos literacia digital (frequentemente, os mais idosos), ao mundo online. Trata-se de um projecto no âmbito da Iniciativa Nacional Competências Digitais, Portugal INCoDe.2030.
“Sabemos que há conjunto de barreiras, como pessoas sem acesso a smartphones, computadores, ou Internet, mas o que temos percebido é que também há um conjunto crescente de pessoas que já têm acesso aos equipamentos, mas que não os sabem utilizar”, explica ao PÚBLICO Nuno Rodrigues, coordenador geral da INCoDe.2030. “Hoje em dia, o preço já não é um factor de limitação tão grande. Há pacotes de dados muito acessíveis, e smartphones a preços razoáveis. Mas é preciso saber usá-los, e muitas vezes a população mais idosa não tem esse apoio.”
Segundo dados de 2019 da Anacom, a taxa de penetração de internet móvel é de 78,8 por cada 100 habitantes (mais 5,1 pontos percentuais do que em 2018). A ideia de criar uma linha de apoio por telefone deverá permitir que as pessoas com dúvidas telefonem através de um número fixo, mantendo as mãos livres para seguir as instruções no telemóvel.
O atendimento estará ao cargo de cerca de 35 estudantes do ensino superior, de cursos ligados à informática e sistemas de informação, em regime de voluntariado. Numa primeira fase, o foco será ajudar todos os que precisem de apoio na utilização das principais plataformas de comunicação (Facebook, Instagram, Messenger, WhatsApp e Skype). A equipa quer ensinar como fazer videochamadas com a família, criar contas nas redes sociais e partilhar fotografias com os amigos. Existirá também um site com vários tutoriais em formato de vídeo.
A primeira instituição de ensino superior que contribui para o projecto com voluntários foi o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), mas qualquer instituição de ensino superior pode contactar a plataforma para contribuir.
“Eventualmente queremos ter mais voluntários e ajudar as pessoas a utilizarem plataformas de comércio online, mas o primeiro passo é perceber se a linha resulta”, diz Nuno Rodrigues, notando que a cibersegurança não foi esquecida, com os voluntários a receber formação sobre como falar com as pessoas acerca dos cuidados a ter na Internet e os perigos a que estão sujeitos.
Nos últimos tempos vários especialistas na área da cibersegurança tem alertado para o aumento de ataques de engenharia social, em que os atacantes se fazem passar por entidades oficiais (como a Organização Mundial da Saúde, a Unicef, ou governos de vários países) para levar as pessoas a descarregar vírus ou a partilharem as suas credenciais em sites falsos.
“Queremos ser uma ‘porta de entrada’ segura para o mundo digital, podemos reduzir a sensação de isolamento e permitir que os mais idosos vejam a família que está ao longe”, acrescenta Rodrigues.
De acordo com dados do índice de 2019 de Digitalidade da Economia e da Sociedade (DESI), a percentagem de cidadãos em Portugal que nunca utilizaram a Internet ronda os 23%. É o dobro da média da União Europeia.
Para o projecto, o INCoDe.2030 conta com o apoio da operadora NOS para a execução da linha de apoio, que será supervisionada pelo DTx, um laboratório colaborativo em transformação digital, e pela Unidade de Computação Científica Nacional da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT/FCCN).