Eurodeputados do PPE pressionam Weber e pedem punição do Fidesz
Líderes de 13 delegações nacionais do Parlamento Europeu, entre os quais Paulo Rangel, querem que o líder da bancada “retire as devidas consequências” dos últimos desenvolvimentos políticos na Hungria.
O líder do grupo do Partido Popular Europeu (PPE) no Parlamento Europeu, o alemão Manfred Weber, já tem em mãos uma carta e pedir-lhe que “assuma uma posição clara” em defesa dos “valores fundadores e convicções políticas” da bancada democrata-cristã e “retire as devidas consequências” dos últimos desenvolvimentos na Hungria — onde a maioria do partido Fidesz fez aprovar que lei que mantém indefinidamente o estado de emergência no país e concede ao primeiro-ministro, Viktor Orbán, o poder para governar por decreto, sem escrutínio parlamentar.
“Estamos profundamente preocupados com os acontecimentos mais recentes na Hungria”, argumentam os líderes de 13 delegações nacionais do grupo, entre os quais Paulo Rangel, em representação do PSD, que consideram particularmente cínico que se esteja a “usar uma pandemia para restringir as liberdades cívicas e promover uma agenda iliberal, usando a União Europeia como bode expiatório para consumo político interno”.
Enquanto líder da bancada parlamentar do PPE, Manfred Weber manteve sempre uma posição ambígua relativamente ao Fidesz de Viktor Orbán. Apesar de não defender a expulsão dos eurodeputados húngaros do grupo — o seu argumento é que essa medida drástica contribuiria para a radicalização do partido e do hemiciclo europeu —, Weber deu liberdade de voto aos seus membros para a aprovação da abertura de um procedimento ao abrigo do artigo 7.º do Tratado Europeu, por violação das normas democráticas no país.
Para os signatários da missiva, o eurodeputado bávaro não pode continuar a fechar os olhos ao comportamento do Fidesz. “Tal como o partido, também o grupo tem a obrigação moral de defender a democracia liberal e o estado de Direito”, consideram, entendendo que Weber deveria, no mínimo, replicar as medidas adoptadas pelo PPE para sancionar os membros do Fidesz. Recorde-se que o partido de Orbán foi suspenso do PPE, mas não do seu grupo parlamentar.
A carta assinada pelos líderes das delegações parlamentares vem dar força a uma outra, remetida por líderes partidários nacionais ao presidente do PPE, Donald Tusk, a defender uma votação para expulsar o Fidesz da sua família política. Além de Portugal, essa medida é defendida pelos líderes da Dinamarca, Suécia, Finlândia, Lituânia, Estónia, Letónia, Polónia, República Checa, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Malta.
Mas também expõe uma fractura interna no PPE. Nenhum dos partidos nacionais ou dos líderes das maiores delegações parlamentares da bancada conservadora — Alemanha, Espanha ou França — criticaram Viktor Orbán ou apoiaram a expulsão do Fidesz da sua família política.