António Costa fala em “túnel de dois, três meses” para vencer a primeira vaga da covid-19
Primeiro-ministro afirmou que a “decisão mais difícil” foi a do encerramento das escolas e apontou “a data limite para que o calendário escolar possa ser cumprido, com ensino presencial, designadamente no secundário: 4 de Maio”.
O primeiro-ministro afirmou nesta sexta-feira que vamos ter de atravessar um túnel “de dois três meses” para vencer a pandemia da covid-19 e alertou para os riscos de haver uma segunda vaga da doença e para o facto de ainda não existir vacina no próximo Inverno. “Não podemos baixar a guarda, não podemos desistir”, pediu António Costa em entrevista à Rádio Renascença (RR).
Questionado sobre os despedimentos ilegais, Costa afirmou que é uma situação que só será vencida com o esforço de todos e salientou que há um “túnel” para “atravessar por dois, três meses” a seguir ao qual “as empresas têm de estar vivas”.
“Esta crise não nasceu da economia, nem do sector financeiro, nem das finanças do Estado. (…) A economia estava a crescer, o desemprego a descer, os rendimentos a recuperar, e de repente surgiu algo imprevisível. Temos de proteger o mais possível todo o esforço que o país fez para que, quando a crise passar, possamos recomeçar”, afirmou na entrevista à rádio.
António Costa afirmou ainda que a matéria “mais difícil e que criou maior ansiedade” foi a do encerramento das escolas, garantindo que a vontade do Governo é “procurar terminar este ano lectivo da forma mais justa e equitativa”, voltando a admitir que “a data limite para que o calendário escolar possa ser cumprido, com ensino presencial, designadamente no secundário, é 4 de Maio”.
“Podemos ter época de exames no final de Julho e um ciclo de pausa em Agosto, com segunda fase em Setembro”, concretizou, lembrando que a decisão só será anunciada a 9 de Abril e repetindo que será baseada na auscultação de epidemiologistas, o que acontece na próxima terça-feira.
“Uma das medidas que temos de preparar para o terceiro período, quer se retome ensino presencial ou seja apenas parcial, que é complementar, é o ensino digital através da televisão”, referiu.
Sobre a situação nos lares da terceira idade, onde já se verificaram mortes e alguns infectados pela covid-19, o primeiro-ministro afirmou que alguns deles poderão “não ter antecipado as medidas de contenção necessárias”, nomeadamente “os cuidados a ter com as pessoas que lá trabalham”.
No que respeita aos apoios da União Europeia (UE), o primeiro-ministro admitiu que no último Conselho Europeu houve “momento tenso”, mas que fez muitos perceberem que é necessário dar passo em frente”.
“Não temos de nos agarrar como um fetiche mágico a nomes e designações. O que é fundamental é a capacidade de resposta conjunta da União Europeia a um desafio comum, de forma comum e solidária. Se é com coronabonds, apoios directos com base no orçamento da UE ou contribuições directas dos Estados, são opções técnicas nas quais não está o cerne da questão. Quanto à forma de o fazer, há muitas. Eu, por mim, não me agarro a nenhuma em específico”, acrescentou.
António Costa voltou a acentuar que “estamos na fase mais crítica” e que este é “o mês de maior risco”. “Há cansaço que se vai acumulando, mas circulação e convívio são os maiores inimigos a esta pandemia”, lembrou.
“Isto tem de ser corrido como uma longuíssima maratona e não como uma estafeta de quatro vezes cem metros”, afirmou.