Covid-19: enfermeiros do Alentejo duvidam da adequação de máscaras reutilizáveis

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses quer saber quantas vezes podem ser reutilizadas as máscaras, se estas são esterilizadas e que “garantias dá esse material que após a lavagem não fica infectado”.

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paulo pimenta

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) manifestou esta quarta-feira dúvidas sobre a adequação de máscaras cirúrgicas reutilizáveis, que estão a ser fornecidas aos profissionais dos hospitais de Évora e de Beja, no combate à pandemia da covid-19.

“Tenho andado por todos os hospitais e nunca tinha visto a utilização deste tipo de máscaras”, afirmou Edgar Santos, dirigente no Alentejo do SEP, em declarações à agência Lusa.

Contactado pela Lusa, o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, limitou-se a dizer que “o sindicato será devidamente informado” e que a questão “será esclarecida entre os profissionais”.

O SEP enviou um pedido de informação urgente à ARS do Alentejo e aos conselhos de administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) e da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), que gere o hospital de Beja.

Edgar Santos explicou que o sindicato foi informado por enfermeiros sobre o uso de máscaras cirúrgicas reutilizáveis e que ele próprio, ao ter experimentado uma, ficou “com alguma dificuldade em respirar”. “Queremos saber se o Instituto Português da Qualidade deu chancela ou não” a este tipo de máscaras, “porque podemos estar a utilizar equipamentos que não têm qualidade”, afirmou o sindicalista.

“Quantas vezes pode ser reutilizada, se é esterilizada e que garantias dá esse material que após a lavagem não fica infetado”, questionou.

Segundo o dirigente do SEP, as máscaras cirúrgicas reutilizáveis estão a ser usadas por profissionais dos hospitais de Évora e de Beja, sendo que, até terça-feira, ainda não tinham chegado aos centros de saúde da região.

No pedido de informação, datado de terça-feira, o SEP realçou que existem “muitas dúvidas sobre a adequação destas máscaras ao seu objectivo”, considerando que podem colocar em causa “a segurança com que os enfermeiros estão a trabalhar”.

“As máscaras em causa estão certificadas e seguem os normativos da Direcção-Geral da Saúde e do Infarmed? A instituição assume, para todos os efeitos legais, que estas máscaras são adequadas e que garantem a segurança e protecção dos enfermeiros? Qual a ficha técnica das máscaras?”, são as perguntas que constam nos ofícios enviados às autoridades de saúde.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito esta quarta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8251 casos de infecções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).

No Alentejo, segundo a DGS, há 54 casos de infecção confirmados e ainda não se registou qualquer morte por covid-19.