Consumo eléctrico caiu 8% após declaração do estado de emergência
A utilização de gás natural também diminuiu a partir de 18 de Março no segmento onde estão as empresas e os clientes domésticos, com uma quebra homóloga de 4%, segundo a REN.
O consumo de energia eléctrica recuou 0,5% em Março face ao mesmo mês do ano passado (ou 1,7%, se corrigidos os efeitos de temperatura e número de dias úteis).
Segundo a REN, que faz a gestão do sistema energético nacional, esta evolução traduz o comportamento misto do mercado num mês de circunstâncias excepcionais: houve um crescimento no início do mês e “forte contracção” após a declaração do estado de emergência.
“Entre o dia 18 e o final do mês, o consumo corrigido de temperatura baixou cerca de 8% face ao período equivalente do ano anterior”, assinalou a REN, num comunicado divulgado esta quarta-feira.
A diminuição abrupta que se registou após o país saber que ficaria sob estado de emergência (cujas medidas entraram em vigor às zero horas de domingo, 22 de Março) quase anulou o crescimento do consumo acumulado nos dois meses anteriores – no final do trimestre, a evolução anual foi de 0,2% (ou 0,9% com as correcções de temperatura e dias úteis).
Quanto ao gás natural, o consumo nacional registou, em Março, uma subida homóloga de 20%, que se justificou com a forte utilização desta fonte de energia na produção de electricidade. Neste segmento, o aumento foi de “176%, com a substituição quase integral da produção a carvão por gás natural”, sublinhou a REN.
Mas no segmento convencional (onde o uso do gás natural tem grande utilização na indústria e em sectores como a hotelaria e restauração, por exemplo), a evolução do consumo foi semelhante à verificada na electricidade.
Em Março registou-se uma queda mensal homóloga de 0,5%, mas, após a declaração do estado de emergência, o consumo caiu cerca de 4% face ao mesmo período de 2019.
Feitas as contas, no final do trimestre o consumo de gás natural subiu 17,5% graças à maior actividade das centrais eléctricas de ciclo combinado (houve um crescimento de 90% no mercado eléctrico) e recuou 1,3% no mercado convencional, onde estão as empresas e os consumidores domésticos.
Renováveis com contributo de 69%
Quanto à produção de electricidade no primeiro trimestre, a REN notou que “a produção renovável abasteceu 69% do consumo”, com índices de produtibilidade hídrica e eólica abaixo da média para a época do ano.
As centrais hidroelétricas garantiram 35% do consumo, a eólica 25%, a biomassa teve um contributo de 6% e a produção fotovoltaica representou 1,9%.
A produção não renovável (ou seja, de origem fóssil) abasteceu 31% do consumo, “praticamente apenas com gás natural”.
Neste período, Portugal exportou mais electricidade do que importou: “o saldo do trimestre foi exportador, equivalendo a cerca de 1% do consumo nacional”.