Covid-19: plataforma onde empresas podem investir em projectos artísticos já está online
Iniciativa contabiliza já um investimento superior a um milhão de euros, para projectos até 20 mil euros cada.
A plataforma onde empresas e entidades públicas e privadas podem fazer um investimento directo e imediato em projectos artísticos, anunciada na semana passada pela ministra da Cultura, chama-se Portugal Entra Em Cena e já está online.
O projecto, segundo informação disponível no seu site oficial, é “um movimento nacional, materializado em plataforma digital, onde artistas podem lançar ideias e recolher investimento para a sua fase de concepção e desenvolvimento, e onde empresas e entidades, públicas e privadas, podem lançar desafios e receber propostas artísticas, escolhendo as que pretendem remunerar já”.
De acordo com informação divulgada esta segunda-feira pelo Portugal #EntraEmCena, em comunicado, este movimento “representa, no seu lançamento, um investimento de mais de um milhão de euros, em projectos até aos 20 mil euros cada”.
Na semana passada, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, tinha dito à Lusa que o Governo iria apoiar a criação de uma “plataforma inédita” para que empresas e entidades públicas e privadas façam um “investimento directo e imediato” em projectos artísticos.
“O projecto surge em resposta ao momento particularmente frágil dos artistas que viram as suas fontes de rendimento canceladas ou adiadas, resulta de várias parcerias e entidades patrocinadoras, e está integrado no programa OutSystems COVID-19 Community Response da tecnológica portuguesa OutSystems que, ao disponibilizar a sua plataforma low-code, permitiu a criação de um marketplace digital, onde artistas podem lançar ideias e obter investimento para a fase de concepção e desenvolvimento das mesmas”, lê-se no comunicado.
Já as empresas privadas e públicas usam a plataforma para “encontrarem talento e ideias propostas por artistas, assim como lançar desafios ao desenvolvimento de novos projectos artísticos, escolhendo aquelas em que pretendem investir já”.
“Tendo uma plataforma digital de base, espera-se que esta garanta a ponte entre as entidades e os artistas, permitindo que o investimento nos artistas e técnicos do sector da cultura seja realizado em projectos que podem acontecer, para já, a partir de casa, e mais tarde no pós-epidemia ou mesmo em 2021”, lê-se no comunicado.
O objectivo da criação do movimento Portugal #EntraEmCena é “que a cultura portuguesa não seja também uma vítima do coronavírus, garantindo a identidade e sustentabilidade cultural do país”.
"Retribuir o que têm feito por nós"
Num comunicado divulgado também esta segunda-feira pelo Ministério da Cultura, Graça Fonseca recorda que “em Portugal os artistas foram os primeiros a parar” e que à primeira recomendação da Direcção-Geral da Saúde “toda (ou quase toda) a actividade artística e cultural foi cancelada”, mas que, apesar disso, “continuaram a criar para o seu público”.
“Entraram em nossa casa e ofereceram-nos a sua arte. E nós aplaudimos, mesmo não estando juntos. E nós agradecemos porque nos ajudaram a sentir menos sozinhos, menos perdidos, menos desligados da nossa história comum, da nossa cultura. Agora chegou a nossa vez de lhes retribuir o que têm feito por nós. De reconhecer que a vida precisa de arte, mais do que nunca. Assim nasce o projecto ‘Portugal Entra em Cena'”, refere a ministra.
No site fica a saber-se que “já entraram em cena” mais de duas dezenas de empresas e entidades, como a Caixa Geral de Depósitos, grupo Ageas Portugal, a Fundação EDP, o Centro Cultural de Belém, os Teatros Nacionais D. Maria II e São João, a Sagres, a Renova, a Fidelidade, a Galp e a Viúva Lamego, entre outras.
“Todas as transacções são contratualizadas e processadas directamente entre as partes, e não através da plataforma Portugal #EntraEmCena”, lê-se no site.
Nas últimas semanas, dezenas de espectáculos de música, teatro, dança, mas também festivais e digressões nacionais foram adiadas e, em alguns casos, canceladas, por causa das medidas restritivas, e, mais tarde, pela declaração de estado de emergência, para impedir a propagação da pandemia da covid-19.
No sábado, entrou em vigor o decreto-lei que “estabelece medidas excepcionais e temporárias de resposta à pandemia da doença covid-19 no âmbito cultural e artístico, em especial quanto aos espectáculos não realizados”.