U.S. Girls: a voz conforta, o som liberta, a consciência denuncia
Heavy Light são as girl-groups, soul, Bowie ou Patti Smith, um classicismo danificado para dar sentido ao presente.
Começou como viagem solitária. U.S. Girls, estávamos nós nos últimos anos da primeira década do século XXI, eram Meg Remy e um antigo e nem sempre fiável gravador de fita que utilizava para criar as colagens sonoras com que organizava canções. A sua voz, apesar de indefinida e rarefeita, era o centro de onde tudo emanava. Muito foi mudando desde então. Multiplicaram-se os álbuns e as colagens sonoras foram deixando de ser matéria-prima exclusiva, juntando-se a elas os samples, sintetizadores e mais instrumentação. Manteve-se a ideia que acompanha Remy desde o início: uma visão do mundo, visão política no sentido mais lato e justo do termo (o feminismo, uma verve furiosamente questionadora do capitalismo moderno), que surge como inseparável da música.
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