A música dos rebeldes desafina o Universo

Mulheres, escravos, boémios, imigrantes, pobres: muitas das revoluções musicais são deles. Mas as histórias oficiais da música esquecem-nos ou apagam a sua importância. Music, livro de Ted Gioia, conta-nos a história inteira.

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Richard E. Aaron/Redferns/getty images

No final dos anos 1970, jovens desadaptados, marginais, andrajosos, rapaziada que mal sabia tocar instrumentos, desarranjaram o rock — chamaram-lhe punk. Pela mesma altura, no empobrecido e perigoso Bronx (uma necrópole, “uma cidade da morte”, dizia nessa década um médico ao New York Times), entre pobreza e gangues, proclamavam-se palavras em cima de retalhos de músicas alheias — nascia o hip-hop. Um século antes, em terras americanas isoladas e pobres, onde viviam antigos escravos explorados na apanha do algodão, um grupo de músicos rejeitava a afinação nos cantos e nas guitarras, cantava sobre patifarias e lançava uma revolução que mudaria a música do século XX — chamaram-lhe blues. Há 4300 anos, na Suméria, Enheduanna, uma sacerdotisa, escrevia canções sobre os prazeres dos corpos.

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