As três ficções reunidas em Bucareste-Budapeste: Budapeste-Bucareste surgem sob o signo do simulacro. Desde o título, aliás, se poderia dizer como um clássico, há meio milénio: “nada do que vês é assi” (na grafia original). Porque aquilo que poderia sugerir-nos o modelo de um livro de viagens é outra coisa. Por exemplo, na novela que intitula o volume, embora a jornada tenha um papel importante, nunca será essa a questão. Realmente, há duas deslocações no espaço, que traçam o percurso apontado pelo título; contudo, não serão elas a determinar a produção de sentidos desta novela. Na novela epónima, o furto de uma estátua de Lenine determina uma viagem para dar novo pouso à obra subtraída; numa narrativa que corre em paralelo, há um homem que pretende transportar o corpo da mãe para lá de uma fronteira, o que volta a implicar que a personagem se desloque no espaço. Mas em nenhum dos casos a acção de viajar importará em si mesma, como o título, realmente, sugere, de forma quase hipnótica, até pela repetição.
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