Não precisamos de poesia, mas de acções concretas
Não estando os afectos de Marcelo fisicamente disponíveis, precisamos de uma comunicação diferente para tempos de crise, tal como precisamos de mais ventiladores.
Não tenho nada contra Manuel Alegre ou José Jorge Letria dedicarem a sua quarentena à poesia, tendo a covid-19 como musa. Cada um entretém-se como pode. Mas neste momento aquilo de que o país mais precisa não é de metáforas. Nos últimos dias vejo telejornais a ocuparem espaço com declamações, e não vejo aquilo que mais gostava de ver: empresas nacionais a abandonarem a sua produção habitual para começarem a fazer máscaras, luvas e desinfectantes; o aumento da capacidade hospitalar, com a adaptação de grandes espaços para enfrentar o inevitável escalar de casos; o crescimento diário do número de pessoas testadas (de sábado para domingo o número de testes caiu, e ainda não percebi porquê); a chegada de equipamento de protecção em quantidade e qualidade aos profissionais de saúde que estão na primeira linha do combate ao vírus; a convocação dos melhores cientistas, epidemiologistas ou economistas para nos explicarem o que está a acontecer, o que podemos esperar e de que forma se está a preparar o futuro, para dar algum sentido a esta suspensão do tempo.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.