Benny Gantz rejeita proposta de governo de unidade em Israel
Líder do Azul e Branco, mandatado para formar governo, diz que primeiro quer que “a democracia israelita volte a funcionar em pleno”. Só admite executivo de unidade se for ele a mandar.
Benny Gantz recusou encontrar-se esta terça-feira com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para discutir a possibilidade de formar um governo de unidade nacional, como lhe tinha proposto pelo Facebook o líder do Likud.
“Primeiro farei com que a democracia de Israel volte a funcionar em pleno, sem medo. Depois terei em consideração todas as maneiras de formar um governo para lutar contra o coronavírus e lidar com outros desafios que nos esperam”, escreveu na sua página de Facebook o líder do Azul e Branco, que o Presidente de Israel, Reuven Rivlin, mandatou para formar governo.
Netanyahu tinha deixado a mensagem a Gantz de que “este momento é um teste de liderança e de responsabilidade nacional”, por isso “os cidadãos de Israel precisam de um governo de unidade que trabalhe para salvar vidas e meios de subsistência”.
#BenjaminNetanyahu is seeking to isolate, contain and eliminate the #coronavirus spreading throughout the country, at the same time making cynical use of the pandemic in an effort to impose the same fate on his political rival, #BennyGantz @BenCaspit https://t.co/iEyyukrlgW
— Al-Monitor (@AlMonitor) March 23, 2020
O primeiro-ministro acrescentou que as diferenças entre os dois eram poucas e podiam ser ultrapassadas, mas Gantz tem uma opinião diferente, salientando que entre os dois existem divergências intransponíveis.
No entanto, de acordo com o Jerusalem Post, Gantz, em conversa com militantes do Azul e Branco, à saída de sua casa, admitiu a possibilidade de aceitar a proposta, mas só se for ele o primeiro-ministro na primeira rotação.
“Neste momento, o mandato é meu”, disse. “Há uma expectativa de que seja eu a responder a Netanyahu, como se fosse essa a única alternativa. Eu dirigi guerras. Eu sou capaz de ser líder em crises nacionais tanto quanto ele”, acrescentou o general na reforma.
Depois das críticas de Netanyahu e do Likud ao Supremo Tribunal de Justiça, inclusivamente com Yuli Edelstein, o líder do Parlamento (Knesset) a recusar-se a retomar os trabalhos parlamentares e, posteriormente, a desafiar a mais alta instância judicial do país que o instava a agendar a eleição de um novo presidente da câmara de deputados, dizendo que a mesma não tinha autoridade para definir a agenda do Knesset, a terça-feira decorreu de forma mais tranquila.
"There is nothing I want more than to win Coronavirus. For 38 years I've protected lives of Israeli citizens and no one will teach me how important human life is. But there are things that don't happen even during crisis. Do not close the Knesset to harm civilians." #bennygantz https://t.co/LAyeuKSdeo
— Eli Dror (@edrormba) March 18, 2020
Edelstein aceitou as propostas do Azul e Branco para a criação de quatro comissões, incluindo uma comissão especial para lidar com o coronavírus. E até as votou favoravelmente, enquanto todos os outros deputados do Likud e dos partidos que o apoiam boicotavam a votação, por o partido de Gantz não ter coordenado a sua criação com o seu partido, como acontece tradicionalmente.
Netanyahu procura uma solução política que lhe permita manter-se no poder para evitar a justiça. O julgamento por corrupção, fraude e abuso de confiança deveria ter começado na semana passada, mas foi adiado para Junho por causa da pandemia do coronavírus. A emergência médica também permitiu a Edelstein suspender os trabalhos parlamentares e permitir ao primeiro-ministro em exercício governar por decreto, sem controlo de deputados. Só a decisão do Supremo impediu que o estratagema político continuasse a funcionar em proveito de Netanyahu.
Aliás, Avigdor Lieberman, antigo ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros de Netanyahu, apresentou esta terça-feira no Parlamento uma proposta de lei para obrigar a que primeiros-ministros acusados de crimes tenham de ser afastados do cargo ao fim de 30 dias. A legislação ainda demorará algumas semanas a ser aprovada, porque ainda tem de passar por várias comissões que ainda não foram formadas, mas visa evitar que Netanyahu possa continuar a desafiar a justiça desde a chefia do Governo.