Leal Coelho propõe pacto de unidade na Câmara de Lisboa contra o coronavírus

Vereadora social-democrata pediu a Medina uma reunião para a oposição saber como está a câmara a actuar. O CDS diz que a autarquia “tem estado muito aquém” do que pode fazer e o PCP tem muitas perguntas.

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Miguel Manso

A Câmara de Lisboa reúne esta terça-feira com um único ponto na agenda: o combate ao coronavírus. A iniciativa da reunião partiu de Teresa Leal Coelho, vereadora do PSD, e destina-se a que o executivo PS/BE mantenha a oposição a par das medidas que estão a ser tomadas.

“Só desta forma é possível trabalhar em equipa num momento em que somos todos convocados a agir”, diz a social-democrata, propondo mesmo um governo de união em tudo o que disser respeito à covid-19. “É nosso entendimento que Lisboa deve ser exemplar no combate a esta traiçoeira pandemia. E todos devemos estar na linha da frente a assumir as orientações e as coordenadas adequadas ao objectivo e a decidir as acções e as medidas concretas que resolvam os problemas mais imediatos.”

Na última semana a autarquia e as juntas de freguesia tomaram um conjunto de decisões para melhorar a resposta às populações mais em risco, como os idosos e os sem-abrigo, e esta segunda-feira abriram dois centros de rastreio de covid-19, no Lumiar e no Parque das Nações. Também as empresas municipais adoptaram medidas para conter a propagação do vírus e facilitar a permanência dos lisboetas em casa.

Para o líder da oposição, no entanto, “a câmara e o presidente têm estado muito aquém no que pode ser feito”. João Gonçalves Pereira, do CDS, acusa Fernando Medina de ter “uma grande preocupação com a imagem” e de se ter “ficado pelo show-off”. Na reunião desta terça vai ouvir o ponto de situação da boca do presidente, mas diz ter já preparadas “questões sobre várias áreas”, que prefere não divulgar para já. “Há seguramente áreas em que a câmara podia estar a actuar e não está.”

João Pedro Costa, o outro vereador do PSD, afirma que “neste tema não há partidarite” e que “os partidos estão todos unidos para resolver rapidamente as coisas”. Não deixa, ainda assim, de constatar que Lisboa “está mais atrasada” do que outras autarquias em algumas medidas. “Daqui a pouco vou começar uma reunião com o Miguel Pinto Luz [vice-presidente da Câmara de Cascais] para perceber como é que eles estão a desinfectar as ruas.” A diferença, explica, é que em vez de apresentar uma moção ou proposta sobre isso, fala directamente com os outros vereadores para agilizar os processos. “A câmara, mesmo à distância, não para”, sublinha.

Para João Ferreira, do PCP, colocam-se “um conjunto de preocupações e questões em relação a várias áreas”. Os vereadores comunistas estão preocupados com as condições de segurança dos trabalhadores municipais, “que estão a assegurar a manutenção da cidade num contexto de grande exigência”. Segundo João Ferreira há “falta de equipamentos individuais de protecção” entre cantoneiros, jardineiros, coveiros, polícias e assistentes sociais.

Por outro lado, o PCP quer saber se a câmara já fez, ou vai fazer, um levantamento dos lares e outras instituições da cidade que eventualmente precisem de reforço de pessoal ou outro tipo de apoios. “Temos nota de instituições que estão à espera de respostas fundamentais para poderem funcionar”, diz João Ferreira. Na sua agenda estão ainda perguntas sobre o pequeno comércio da cidade, os equipamentos culturais, os mercados e feiras, a Carris e as muitas obras em curso. “As medidas decretadas no estado de emergência são omissas no que toca a estaleiros”, refere. “O que é que a câmara pensa sobre isso?”

Um dos pontos que Leal Coelho quer ver abordados na reunião é o orçamento municipal disponível para o combate à pandemia. “É imperativo tomar decisões relativas à canalização de recursos financeiros e humanos para assegurar acções e medidas imediatas”, diz. Nas últimas duas semanas, Fernando Medina emitiu dois despachos de alteração orçamental relativos à pandemia para que a câmara possa comprar material clínico. Ambos têm de ser agora aprovados pelos vereadores, embora isso não deva acontecer esta terça.

A reunião, com início marcado para as 15h, vai decorrer por videoconferência e representa um desafio logístico para uma câmara habituada a reuniões com 17 vereadores e um batalhão de assessores e chefes de gabinete ao lado.

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