Na Alemanha há quem tente fintar a pandemia
Seguindo o exemplo reprimido do RB Leipzig, também Wolfsburgo e Augsburgo forçaram o regresso aos treinos.
Cerca de 72 horas depois de o virólogo alemão Jonas Schmidt-Chanasit ter estimado que a Bundesliga não deverá concluir a época 2019/20 (suspensa desde 13 de Março), contrariando as expectativas de a competição poder ser retomada a 3 de Abril, o Wolfsburgo, sétimo classificado do principal campeonato germânico e oponente do Shakhtar Donetsk, de Luís Castro, na Liga Europa, voltou nesta segunda-feira de manhã aos treinos no Volkswagen Arena.
O RB Leipzig, terceiro da tabela, a cinco pontos do líder Bayern Munique, e adversário do Tottenham na Champions, já tinha feito o mesmo na passada sexta-feira, motivando a pronta intervenção das autoridades da Saxónia (região com cerca de 4 milhões de habitantes, “vizinha” da Polónia), que proibiram a equipa de Julian Nagelsmann de repetir a façanha, quando a Alemanha – terceiro país europeu com mais casos confirmados de covid-19 – regista já 28.865 infectados (3.992 nas últimas 24 horas) e 118 mortes.
A Renânia do Norte-Vestefália (Dortmund, Dusselforf, Leverkusen e Colónia), na fronteira com Bélgica e Países Baixos, é a região mais afectada. Ainda assim, à tarde foi a vez do Augsburgo se apresentar ao trabalho, ainda que sob fortes restrições.
Última entre os principais campeonatos de futebol europeus a render-se à pandemia, a Bundesliga está fortemente pressionada para concluir a liga, mesmo que exclusivamente à porta fechada, como forma de garantir as receitas televisivas e assim evitar a insolvência de alguns clubes.
A 24 horas do esperado anúncio da Liga Alemã (DFL), que inevitavelmente deverá protelar o recomeço da competição até final de Abril, o Wolfsburgo, conforme programado, avançou para o terreno, salvaguardando algumas situações sanitárias e impondo medidas especiais no que diz respeito ao contacto entre os profissionais. Em grupos reduzidos, a equipa evoluiu no interior do estádio, alternadamente, sob o comando de Oliver Glasner, utilizando exclusivamente as instalações da academia, conforme estipulado pelo clube, depois de o director-geral, Jorg Schmadtke, ter justificado a decisão com o recomeço do campeonato – com a deslocação a Leverkusen –, já no próximo dia 4 de Abril.
O Wolfsburgo enfatizou, de resto, o facto de as instalações permitirem que os jogadores se treinem com uma distância de segurança entre eles, tendo o plantel sido dividido em quatro grupos, distribuídos por quatro balneários previamente esterilizados.
Luca Kilian, do Paderborn, foi o primeiro positivo confirmado de infecção pela SARS-CoV-2 na Bundesliga, tendo, entretanto, surgido quatro novos casos (não especificados) no Hertha de Berlim e no Eintracht de Frankfurt, dos internacionais portugueses André Silva e Gonçalo Paciência.
Em Portugal, a Comissão Permanente de Calendários fez um ponto de situação (por videoconferência), concluindo que ainda não é possível propor qualquer data para o regresso das competições, reforçando a recomendação de suspensão dos treinos em grupo.