O desporto mobiliza-se para o combate à pandemia: da ida às compras à oferta de ventiladores
São várias as iniciativas já anunciadas por vários clubes e desportistas para ajudar quem mais precisa.
A cada uma das 24 cadeias de transmissão activas da covid-19 em Portugal, a sociedade civil responde todos os dias com novas e inesperadas correntes solidárias, adaptando-se a cada mutação do vírus com a mesma agilidade e espírito de missão. O desporto e os seus agentes não ficam indiferentes, dizendo presente na hora de assumir um papel charneira.
O planeta futebol está em campo e as iniciativas sucedem-se. Na Alemanha, os jogadores da “mannschaft” angariaram 2,5 milhões de euros para nivelar um combate desigual.
Em Inglaterra, o milionário russo Roman Abramovich cedeu o hotel do Chelsea, em Stamford Bridge, aos médicos de Londres, suportando todas as despesas, o mesmo tendo feito os ex-jogadores Gary Neville e Ryan Giggs, antigas “estrelas” do Manchester United, que colocaram à disposição do Ministério da Saúde os hotéis de que são co-proprietários em Manchester.
Em Itália, o “astro” sueco Zlatan Ibrahimovic colocou toda a influência e verbas ao serviço do esforço de combate à epidemia, em Portugal está em marcha uma rivalidade saudável com o objectivo de contribuir para a derrota da covid-19.
A Fundação Benfica e a Guarda Nacional Republicana (GNR) unem esforços para prestar apoio social de emergência a cerca de 3000 idosos isolados, sinalizados ao abrigo do “Programa Apoio 65 - Idosos em Segurança”, uma iniciativa do Ministério da Administração Interna implementada pela GNR. Adicionalmente, a Fundação Benfica adquiriu três ventiladores que serão disponibilizados ao Serviço Nacional de Saúde, destinando-se a hospitais da Área Metropolitana de Lisboa, Porto e Coimbra.
Outros dez ventiladores, cujo valor pode ascender a 250 mil euros, serão doados pelo presidente do Moreirense, Vítor Magalhães, ao Hospital Senhora da Oliveira, de Guimarães. Os ventiladores poderão, contudo, vir a ser usados por outras instituições. Já a Oliveirense disponibilizou o pavilhão Dr. Salvador Machado para a instalação de um “eventual hospital de campanha” ou outros fins.
Também o Clube de Futebol Os Belenenses ofereceu o complexo desportivo do Restelo à Câmara Municipal de Lisboa nesta altura de crise.
Francisco Geraldes oferece-se para fazer compras
Mas nem só quem possui uma capacidade financeira assinalável pode contribuir. Há muitas outras formas, como a encontrada pelo futebolista do Sporting Francisco Geraldes, ao voluntariar-se - juntamente com Diogo Faro - para fazer as compras, em supermercados e farmácias, de pessoas em “dificuldade”, na zona da Avenida de Roma, Avenida EUA e de Alvalade.
Já o Sporting, enquanto instituição, anunciou que disponibilizará o pavilhão João Rocha, bem como o sintético anexo, para a instalação de hospitais de campanha, enquanto o presidente do clube, Frederico Varandas, estará, assim como todos os elementos do departamento médico “leonino”, ao dispor do Governo no combate à pandemia.
Uma luta que se estende de norte a sul do país, com o Dragão Arena, do FC Porto, a cerrar fileiras e a avançar para o modelo de hospital de campanha, podendo, ainda, funcionar como zona de descanso para o pessoal hospitalar, estando o clube e a Prozis empenhados em fornecer refeições aos profissionais de saúde já a partir de segunda-feira.
O Farense manifestou igualmente a intenção de ceder infra-estruturas e adquirir material hospitalar, colaborando com as entidades locais, regionais e nacionais.
Decretado o estado de emergência, o Farense coloca à disposição o pavilhão multidesportivo, ginásio, espaço sob a bancada nascente e balneários, para além de assumir junto do Hospital de Faro a capacidade para contribuir com material de apoio, auxílio ou monitorização dos infectados.