Edmond Baudoin: “Uma bela lição de vida inventada por um vírus”
“Há um vírus que ameaça atropelar-nos. Pergunto-me se poderá constituir uma oportunidade para o futuro da humanidade se o soubermos enfrentar”. O vírus impediu a chegada da Lisboa deste autor de BD que deveria inaugurar uma exposição. Mas chegaram-nos as suas palavras e os seus desenhos e uma conversa sobre o espanto face ao mundo e o que protege a nossa humanidade: o socorro aos outros em tempos de crise.
Uma linha, um horizonte; o corpo, um rio, de Edmond Baudoin (Nice, 1943), é uma exposição adiada, como tantas nestes dias. Encerrou-se, por tempo indeterminado, a galeria que a deveria acolher, mas não, felizmente, as imagens e as palavras do artista, um dos maiores da BD e, ouse-se dizê-lo, da disciplina e prática de desenho. Precursor do género autobiográfico, premiado em Angoulême em 1992, autor de mais de 80 livros, esteve em 2012 no Festival da Amadora, mas em Lisboa, na galeria Tinta nos Nervos, reclamará para si a luz do público quando esta se reacender. Nas paredes da galeria, apresentará trabalhos originais, de tinta-da-china sobre papel, provenientes de três projectos recentes: Le Corps Collectif (Gallimard: 2019), o desenho a ver a dança dos corpos; Humains. La Roya est un fleuve (L’Association, 2018), a dar vozes e rostos aos refugiados e àqueles que, da Europa e apesar da Europa, lhes prestam socorro; La Traverse (L’Association, 2019), a imaginar pelo desenho a viagem da amiga Mariette Nodet e da sua filha aos Himalaias.
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