Coronavírus: dúvidas, ideias e ajuda para quem cuida de animais

Ficar por casa pode significar mais tempo com quem fica sempre feliz por te ver chegar. Sugestões para ajudar quem não pode tratar dos animais porque está hospitalizado, de quarentena ou pertence a um grupo de risco — e outras dicas.

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Aliaksei Lepik

Não há provas de que os cães, gatos ou outros animais de companhia possam transmitir a covid-19 a humanos ou a outros animais, até agora. A comunicação da Organização Mundial de Saúde é reiterada pela Ordem dos Médicos Veterinários, que espera “que as pessoas não abandonem os animais de companhia nesta altura”. Até porque eles podem ser uma boa arma contra a ansiedade e o stress do isolamento.

“Nada nos diz que os animais são um risco”, tranquiliza Jorge Cid. Ainda assim, “e como medida exclusivamente de prevenção”, o bastonário aconselha os tutores que estejam infectados a “absterem-se de contactos mais íntimos com os animais de companhia”, como deixá-los lamber a cara e as mãos. Há apenas registo de um cão infectado pelo novo coronavírus (SARS-Cov-2), em Hong Kong, desde que o primeiro caso foi registado em Wuhan, na China, em Dezembro de 2019.

A covid-19 propaga-se maioritariamente através de gotículas quando pessoas com a infecção tossem, espirram ou falam. A melhor forma de te protegeres a ti e à tua comunidade é lavares as mãos com água e sabão regularmente, durante pelo menos 20 segundos (a Direcção-Geral de Saúde ensina como, aqui) – inclusive depois de tratares dos animais. É uma protecção contra várias bactérias comuns, como a E.coli e a salmonella, que podem ser transmitidas entre animais e humanos.

Os tutores devem tentar encontrar um cuidador a quem possam recorrer, caso adoeçam, aconselha o bastonário. Mas a pensar em quem não tem linhas de apoio próximas, há associações e voluntários a oferecerem ajuda, quer seja para passear cães, acolhê-los durante o dia ou alimentar as colónias de gatos.

No Porto, uma “creche para cães” aberta há menos de um mês disponibiliza-se a albergar gratuitamente durante o dia, entre as 8h e as 20h, os cães de quem está “internado, doente ou a prestar apoio a quem precisa”. Têm áreas fechadas e um salão “para os animais mais sociais”. “Enquanto formos precisos esperamos continuar em funcionamento”, diz ao P3 Arthur Pugliese, um dos responsáveis pelo espaço.

Já o Movimento Movido a 4 Patas procura voluntários para substituírem as pessoas que costumam alimentar as colónias de gatos por todo o país, que estão entretanto a mapear. “Não vamos deixar os animais morrer à fome”, defende Mafalda Campos, a presidente da associação de Lisboa que está a fazer a ponte entre os cuidadores habituais e os voluntários. “Esta coordenação deve ficar ao cargo de uma entidade”, defende, embora os custos com ração devam continuar a ser assegurados pelo cuidador habitual. Querem ainda encontrar quem passeie os animais de companhia de pessoas de grupos de risco, como os idosos, doentes crónicos, grávidas e pessoas com sistema imunitário fragilizado.

A OMV não recomenda o fecho de hospitais e clínicas veterinárias, mas avançou com sugestões para proteger tanto médicos veterinários e outros profissionais como tutores. A Barkyn, uma startup portuguesa que vende comida para cães por subscrição, criou um serviço de aconselhamento online, onde médicos veterinários vão tirar dúvidas via telefone ou email, entre as 10h e as 20h.

Esta opção não se equipara a uma consulta e não podem ser feitos diagnósticos ou prescrição de medicamentos. Assim, caso seja necessária uma consulta presencial, além de evitar os cumprimentos e restringir o número de pessoas que acompanham os animais às consultas, o bastonário aconselha a não aguardar na sala de espera e a agendar previamente a consulta. No caso de internamento, cabe ao director clínico decidir a hora da visita, de forma a evitar a acumulação de pessoas no mesmo local.

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