Cruzeiro com Lisboa como destino desviado para Cádis. Passageiros terminam viagem de autocarro

Cerca de 1800 passageiros foram obrigados a terminar a viagem de autocarro devido à medida anunciada por António Costa para travar os casos de infecção em Portugal.

Foto
O cruzeiro foi para o porto de Cádiz devido à interdição de desembarque em Portugal imposta para conter o coronavírus. Ricardo Lopes

Cerca de 1800 passageiros de um cruzeiro com origem no Brasil fizeram uma escala não prevista no porto de Cádis, em Espanha, devido à interdição de desembarque em Portugal, terminando de manhã o percurso no Aeroporto de Lisboa por via terrestre.

Contactada pela agência Lusa, fonte da Guarda Nacional Republicana (GNR) confirmou ter identificado alguns destes autocarros de passageiros, tendo procedido ao seu acompanhamento desde a fronteira do Caia, em Elvas, até ao Aeroporto de Lisboa.

Os passageiros viajavam a bordo do cruzeiro MS Sovereign, operado pela Pullmantur Cruises, do grupo Royal Caribbean International, sendo o seu destino final Lisboa, onde estava previsto permanecerem uma semana até ao regresso ao Brasil.

Um operador turístico relatou à Lusa que transportou alguns dos passageiros do cruzeiro do aeroporto até ao hotel onde estava previsto ficarem hospedados e que estes, apesar de viajarem de máscara, estavam pouco informados sobre a situação de emergência na Europa e em Portugal devido à propagação da covid-19.

Segundo a fonte, os passageiros viajaram de autocarros do porto de Cádis, tendo permanecido “várias horas na fronteira” à espera de ser autorizada a sua entrada em Portugal e depois fizeram a viagem terrestre até ao Aeroporto de Lisboa.

“No aeroporto, os autocarros deixavam os passageiros na área de desembarque”, relatou.

Cruzeiros não podem desembarcar passageiros

Na sexta-feira, o Governo assinou um despacho conjunto que interdita o desembarque de passageiros de navios de cruzeiro em portos nacionais a partir de sábado, com excepção para cidadãos portugueses, devido à pandemia de covid-19.

“O despacho conjunto interdita o desembarque e licenças para terra de passageiros e tripulações dos navios de cruzeiro nos portos nacionais, excepto a cidadãos nacionais, titulares de autorização de residência em Portugal ou em casos excepcionais relacionados com uma situação de saúde, mediante autorização da autoridade de saúde”, refere o Ministério da Administração Interna em comunicado.

O despacho foi assinado pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pelo secretário de estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda.

Esta interdição entrou vigor no sábado e decorre até 9 de Abril, podendo ser prorrogada “em função da evolução da situação epidemiológica”.

O documento esclarece que os navios de cruzeiro estão autorizados a atracar nos portos nacionais para abastecimento e manutenção.

Este despacho é justificado pelo Governo devido à situação epidemiológica a nível mundial, ao aumento dos casos de infecção em Portugal, com o alargamento progressivo da sua expressão geográfica, à necessidade de conter as possíveis linhas de contágio para controlar a situação e ao facto de “a experiência internacional demonstrar o elevado risco decorrente do desembarque de passageiros e tripulações dos navios de cruzeiro”.

Esta decisão já tinha sido anunciada pelo primeiro-ministro, António Costa, na noite de quinta-feira, como uma das medidas de um pacote alargado com o objectivo de travar os casos de infecção em Portugal.