Os vampiros de Jemaine Clement e Taika Waititi
Metade dos Flight of Conchords e o recém-oscarizado argumentista-realizador-actor escreveram, interpretaram e realizaram O que Fazemos nas Sombras em 2014, um mockumentary de vampiros que deu origem a uma série finalmente disponível em Portugal.
Em 2014, Jemaine Clement, metade do duo de comédia musical Flight of the Conchords, e Taika Waititi, o recentemente oscarizado argumentista-realizador-actor de Jojo Rabbit, escreveram, realizaram e interpretaram O que Fazemos nas Sombras, um mockumentary neo-zelandês de vampiros e lobisomens.
Numa era pós-O Escritório, parecia que esse formato do falso documentário cómico já não tinha muito para dar, mas eles tinham. Esse universo foi posteriormente transformado em duas séries, Wellington Paranormal, que não saía do país onde nasceu, e What We do in the Shadows, passada em Staten Island, Nova Iorque. Estreada no ano passado na FX americana, esta última série, criada por Jemaine Clement mas regra geral sem a presença física do próprio em frente das câmaras (Waititi também escreve e realiza episódios), está finalmente disponível na HBO Portugal. E é deliciosa e hilariante, ao nível ou melhor do que o filme no qual é baseada, feita com um conhecimento aprofundado da ficção de vampiros.
Os dez episódios da primeira temporada centram-se no dia-a-dia de um grupo de quatro vampiros a partilharem a mesma casa (um deles é só um “vampiro de energia”, alguém que suga a paciência dos outros, um chato), além do familiar de um deles, uma espécie de assistente a quem foi prometido que seria transformado em vampiro em breve. É uma existência mundana, cheia de estupidez, intrigas e erros muito humanos. O elenco é maioritariamente britânico, com nomes como Kayvan Novak, da brilhante comédia de terroristas Quatro Leões, realizada por Chris Morris, Matt Berry, dono de uma das melhores pronúncias da comédia inglesa, de The Toast of London, Snuff Box ou Garth Marenghi's Darkplace, Natasia Demetriou, uma revelação para quem este é o seu papel mais visível, além dos americanos Harvey Guillén, de The Magicians, e Mark Proksch, da versão americana do próprio O Escritório.
É um triunfo absoluto em termos de comédia, e já há uma segunda época a caminho. Espera-se que, ao contrário da primeira, não demore um ano a ter estreia oficial em Portugal.