Imersão e participação

É notável que o dispositivo fílmico nos coloque no centro da acção. Como se todos os acontecimentos se dessem em nosso redor e fôssemos transformados em testemunhas oculares.

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Em Roi Soleil (2017), performance na Galeria Graça Brandão em Lisboa, todos éramos transformados em cúmplices da morte de um homem que víamos em confronto com o abismo da sua vida

“Nascemos no museu, é a nossa casa mãe.” disse Godard numa conversa com o ensaísta Youssef Ishaghpour a propósito das suas História(s) do Cinema. A afirmação pode servir como emblema para um conjunto de autores que fazem do trânsito entre a “sala de cinema” (aqui a significar o sentido mais corrente e vulgar dos meios de exibição, difusão e circulação do cinema) e a sala de exposições um movimento natural. Não que aquela afirmação legitime todas as intromissões e contaminações entre dois universos (conceptuais, processuais e metodológicos) tão distintos, mas mostra a existência de uma afinidade fundamental e, sobretudo, mostra a ligação originária entre o cinema e a pintura, a escultura, a performance.

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