Coronavírus: Decisão de rejeitar fecho das escolas foi consensual e votada por unanimidade
Apenas duas pessoas que integram o Conselho Nacional de Saúde Pública eram favoráveis ao encerramento dos estabelecimentos de ensino, mas mudaram de opinião durante reunião.
A decisão do Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP) de rejeitar a possibilidade de todas as escolas em Portugal serem encerradas como forma de conter o surto do novo coronavírus foi “consensual” e, ao que o PÚBLICO apurou, o documento que saiu da reunião que se prolongou por quatro horas foi votado de braço no ar sem nenhum voto contra”.
Numa reunião em que o papel da ministra da Saúde, Marta Temido, foi ouvir os especialistas e os juristas que foram convocados para se pronunciarem sobre o que fazer perante um cenário de pandemia decretado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o debate foi prolongado e ajudou a convencer as duas vozes que inicialmente se mostraram a favor do encerramento dos estabelecimentos de ensino.
À hora que decorria a reunião, as televisões já haviam passado imagens sucessivas de pessoas nas praias, num cenário típico de época balnear. E estas imagens acabaram por pesar na decisão do Conselho Nacional de Saúde Pública de não decretar o fecho das escolas.
Fonte do Conselho Nacional de Saúde Pública contactada pelo PÚBLICO começou por questionar: “Que sentido fazia encerrar as escolas quando as pessoas vão para outros ambientes como as praias ou centros de convívio em vez de ficarem em casa? As imagens que passaram foram claras, mostrando pessoas na praia com idade escolar. Ora, não se pode confundir uma questão de saúde pública com férias”, acrescentou a mesma fonte, anuindo que as imagens exibidas pelas televisões contribuíram também para a decisão.
Dos 20 membros que fazem parte do Conselho Nacional de Saúde Pública apenas dois se pronunciaram a favor do encerramento das escolas, mas com o decorrer do debate acabaram por aceitar as medidas adoptadas, tendo votado favoravelmente o documento que aponta para o reforço das medidas de contenção e de meios para as implementar. “Só se justifica o encerramento total e parcial dos estabelecimentos de ensino por determinação expressa das autoridades de saúde”, declarou na quarta-feira Jorge Torgal, membro do CNSP, em conferência de imprensa conjunta com a ministra da Saúde, Marta Temido, e a directora-geral de Saúde, Graça Freitas.
“Não se justifica o encerramento de museus sem determinação das autoridades de saúde”, disse ainda Torgal, acrescentando que o “Conselho Nacional de Saúde Pública continua a acompanhar a evolução da situação”.
A ministra da Saúde, que presidiu à sessão da CNSP, afirmou na conferência de imprensa que o “Governo sempre disse que actuaria com base nas recomendações do CNSP”, mensagem que já tinha sido transmitida pelo primeiro-ministro, António Costa, nos últimos dias.