Prisa admite “todas as acções contra” a Cofina pela compra falhada da TVI

O grupo espanhol que controla a Media Capital sublinhou que a Cofina desistiu da compra da TVI “sem aviso prévio”. Mário Ferreira, parceiro da Cofina, fala em “grande surpresa”. Acções da dona da CMTV afundam em bolsa.

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Reuters/Nacho Doce

Num comunicado enviado ao mercado, a Prisa começa por destacar que teve conhecimento através “da informação privilegiada divulgada pela Cofina no seu site e no site da CMVM, que a Cofina, sem aviso prévio à Prisa, abandonou voluntariamente o aumento de capital” aprovado pelos seus accionistas.

Uma decisão, continua, que “implica uma quebra do acordo de aquisição de acções” fechado em Setembro e alterado em Dezembro sobre a venda de 100% da Vertix, que controla 94,69% da Media Capital. Neste cenário, a Prisa revela que “irá iniciar, a partir de agora, todas as acções contra a Cofina disponíveis” no âmbito do acordo de compra e venda assinado com o grupo liderado por Paulo Fernandes.

O grupo espanhol diz ainda que a concretização do acordo estava apenas dependente do cumprimento do registo da operação na Conservatória de Registo Comercial do aumento de capital aprovado pela Cofina para financiar o preço definido na operação. A Prisa acrescenta ainda que, de acordo com os comunicados divulgados pela Cofina, o grupo que detém a CMTV tinha já assegurado “os compromissos necessários para financiar o montante necessário para completar a transacção, das instituições de crédito e dos accionistas relevantes, no valor necessário para cobrir o aumento de capital”.

A concluir, a Prisa afirma que “prosseguirá a sua estratégia centrada nos seus activos de educação e media”, embora admita que “irá prosseguir uma política de desinvestimento nos seus activos não estratégicos”.

A Cofina anunciou na madrugada de terça-feira para quarta que tinha desistido de comprar a Media Capital após falhar a operação de aumento de capital, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM. Esta operação de oferta pública que permitiria reforçar o capital da Cofina em 85 milhões de euros e estava a um dia da sua conclusão.

Contudo, face à “deterioração das condições de mercado” e “não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta ficou sem efeito”, pode ler-se no comunicado da Cofina, numa referência ao facto de o grupo de media não ter avançado para a colocação particular da operação, conforme previsto no prospecto.

As acções da Cofina regressaram à negociação, depois de terem sido suspensas, a perder 12,53%, na sequência desta decisão.

A oferta abrangia a subscrição reservada a accionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquirissem direitos de subscrição, através da emissão de 188.888.889 novas acções ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal. O preço de subscrição tinha sido fixado em 0,45 euros por cada nova acção, que correspondia ao respectivo valor de emissão.

O negócio avaliava a Media Capital em 205 milhões de euros, um valor que já representava uma descida face ao preço inicial na sequência da evolução da situação patrimonial da dona da TVI. A Cofina procurava assegurar 85 milhões de euros num aumento de capital, com vista a pagar cerca de 120 milhões por 95% da Media Capital. O restante financiamento seria assegurado por financiamento bancário.

Mário Ferreira fala em “grande surpresa”

O empresário Mário Ferreira, parceiro da Cofina na compra da Media Capital, manifestou já esta quarta-feira “grande surpresa” com a decisão de cancelamento da operação, garantindo não ter “sido consultado” e ter subscrito “todo o montante do capital” acordado.

“Da minha parte cumpri com aquilo a que me comprometi, subscrevi todo o montante do capital que me pediram e me facultaram para subscrever. De facto, foi para mim uma grande surpresa”, afirmou Mário Ferreira em declarações à Lusa.

Recordando ter sido “convidado pelo engenheiro Paulo Fernandes [presidente executivo da Cofina] para participar no aumento do capital com vista à aquisição da Media Capital”, o dono da Douro Azul garante ter sido “agora surpreendido pelo cancelamento desse aumento”.

“Uma decisão que foi tomada pelos accionistas da Cofina, sem que eu tenha sido consultado”, disse à Lusa.

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