Coronavírus: Itália prepara medidas de 10 mil milhões de euros

Défice italiano em 2020 pode chegar até aos 2,8%, de acordo com as novas estimativas do governo liderado por Giuseppe Conte, que tenta contrariar o efeito negativo do novo coronavírus na economia.

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Compras num supermercado em Roma esta segunda-feira LUSA/CLAUDIO PERI

Com a economia em contracção por causa do efeito do novo coronavírus, o governo italiano prepara-se para aprovar medidas no valor de 10 mil milhões de euros, colocando a estimativa de défice próximo dos 3% permitidos pelas regras europeias, anunciou esta segunda-feira o ministro italiano da Indústria.

Em declarações a uma rádio italiana – a Radio Capital - Stefano Patuanelli explicou que as medidas irão ser introduzidas em duas fases. Um primeiro pacote de medidas irá ser colocado em prática imediatamente, ficando um segundo pacote para uma fase posterior deste ano.

O ministro indicou que, com estas medidas de estímulo adicionais, o défice orçamental na Itália em 2020 irá subir para 2,8% do PIB. O objectivo incial do governo italiano para o défice era, na sequência de diversas discussões com as autoridades europeias, de 2,2% do PIB. No entanto, já na semana passada, a meta tinha sido revista para 2,5%.

Agora, a noção de que o impacto do novo coronavírus na economia pode ser muito significativo forçou o executivo liderado por Giuseppe Conte a rever novamente as suas contas.

Nos mercados, a dívida pública italiana tem sido uma das mais penalizadas, com as suas taxas de juro a subirem de forma acentuada.

A Itália é, neste momento, o país europeu mais afectado pela epidemia do Covid-19, tendo as suas autoridades sido forçadas a limitar os movimentos de uma parte muito significativa da população e apelando a que todos fiquem em casa, numa tentativa de conter o contágio. São muitas as empresas que suspenderam a sua actividade, o sector do turismo está praticamente parado e uma quebra muito forte no consumo é considerada inevitável.

A economia italiana, que nos últimos anos tem registado sempre taxas de crescimento lentas, poderá no actual cenário cair na primeira metade deste ano numa situação de recessão.

É da Itália que se têm ouvido os apelos mais sonoros para que exista uma acção conjunta da zona euro contra a crise, seja através da flexibilização das regras orçamentais europeias, seja pela introdução de estímulos orçamentais por parte das diversas capitais.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro Giuseppe Conte já tinha anunciado que o seu governo iria colocar em prática “uma terapia de choque massiva” na economia, deixando um recado aos outros líderes europeus: “a Europa não pode pensar em enfrentar uma situação extraordinária com medidas ordinárias”.

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