Três centímetros mantiveram a liderança presa por um ponto
Pouco depois de o Benfica empatar em Setúbal, o FC Porto repetiu o mesmo resultado com o Rio Ave. Um golo dos “dragões” no minuto 78 foi invalidado pelo VAR por fora de jogo milimétrico de Soares.
O relógio marcava 19h57 e no relvado do Dragão só estavam do lado do FC Porto os guarda-redes (Marchesín e Diogo Costa) em aquecimento, mas uma notícia que chegava de Setúbal soltou os primeiros sorrisos nas bancadas: com o empate do Benfica, os adeptos portistas tinham a certeza que iriam terminar mais uma jornada na liderança. Porém, quase duas horas e meia depois, o Rio Ave deixou os “dragões” de sorriso amarelo. Com a possibilidade de cavar um fosso de três pontos para as “águias”, o FC Porto até esteve a ganhar, mas copiou o rival e deixou-se empatar pelos vila-condeses (1-1), mantendo a liderança presa pela margem mínima. O jogo fica marcado por um lance decidido ao microscópio: aos 78’, o VAR anulou um golo portista por posição irregular de Soares de… três centímetros.
Com cinco dias para preparar o duelo com Carlos Carvalhal, um luxo raro desde o início do ano, Sérgio Conceição mudou uma peça em relação ao jogo frente ao Santa Clara. Apesar de se ter estreado a marcar no Açores, Manafá foi para o banco, entrando Nakajima no “onze”. Com o japonês de início, Corona partilhou com Otávio o lado direito, oferecendo mais opções de ataque.
Sem derrotas no campeonato desde 5 de Janeiro, quando perdeu em Vila do Conde frente ao Marítimo, o cartão de visita na I Liga do Rio Ave versão 2020 impunha respeito como visitante — quatro jogos, quatro vitórias —, e Carvalhal mexeu com pinças: Piazón regressou após castigo; Nélson Monte suprimiu a ausência de Filipe Augusto. A entrada de Monte trazia, porém, uma mudança: defesa a cinco.
A estratégia parecia, porém, condenada ao fracasso. Mérito do FC Porto. Com a boa notícia vinda do Bonfim, os portistas entraram claramente motivados e podiam ter marcado no minuto 5, mas uma grande defesa de Kieszek impediu que Sérgio Oliveira inaugurasse o marcador.
A pressão manteve-se e com o Rio Ave encostado às cordas, o golo surgiu através da arma predilecta dos “dragões”: após um canto, Danilo fez um desvio, Nakajima assistiu Mbemba e o congolês fez o 20.º golo esta época do FC Porto de bola parada.
A vantagem portuense não provocou mudanças. O Rio Ave parecia incapaz de reagir e chegou à meia hora sem remates, mas bastou um momento de inspiração de Taremi para virar o jogo do avesso. Aos 32’, o iraniano iniciou a jogada, combinou com Diogo Figueiras, com categoria deixou Marcano pelo caminho e, com um toque de classe, fez o empate.
O lance da polémica
O que até aí parecia fácil para o FC Porto, tornou-se numa dor de cabeça. Quase de seguida, chegou mais uma má notícia para Conceição (amarelo para Alex Telles, que vai falhar a deslocação a Famalicão) e, aos 35’, os vila-condenses podiam ter feito o segundo: Marchesín evitou com esforço que Nuno Santos marcasse.
Com 45 minutos para evitar esbanjar a oferta do Benfica, Conceição deu indicações ao intervalo para Marega jogar mais próximo de Soares e o FC Porto voltou a pegar no jogo, mas apesar da muita posse de bola, os primeiros 15 minutos passaram com apenas um lance de relativo perigo (remate de Marega ao lado).
Obrigado a mexer, Conceição trocou Nakajima por Baró, mas Kieszek continuava a ser incomodado apenas por remates de fora da área e quando o técnico portista se preparava para o “tudo ou nada” com a entrada de Aboubakar, surgiu o lance que promete animar os fóruns desportivos na próxima semana.
Aos 78’, depois de remates de Sérgio Oliveira, Soares e Marega, a bola entrou na baliza do Rio Ave (autogolo de Aderllan), mas após quase cinco minutos de paragem, chegou a informação da Cidade do Futebol: Soares estava três centímetros fora de jogo e a liderança do FC Porto continuará presa por apenas um ponto.