Ex-jogador brasileiro Ronaldinho Gaúcho detido no Paraguai por uso de passaporte falso

A situação do antigo craque da selecção brasileira de futebol “será definida nas próximas horas”.

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FRANCISCO ROMãO PEREIRA

O antigo jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho está detido desde a noite de quarta-feira, na suíte onde está hospedado, por falsificação de passaporte e deverá apresentar-se esta manhã na Procuradoria, confirmou o ministro do Interior do Paraguai.

“Actualmente, está sob vigilância no hotel, mas está juridicamente livre. A sua situação será definida nas próximas horas”, afirmou o ministro do Interior do Paraguai, Euclides Acevedo.

Na prática, o antigo craque da selecção brasileira de futebol está detido na sua suíte do Hotel Yacht & Golf Club Paraguaio, na cidade de Lambaré, adjacente a Assunção. A detenção é resultado de uma operação de busca e apreensão da polícia paraguaia que encontrou dois passaportes falsos, o de Ronaldo de Assis Moreira (Ronaldinho Gaúcho) e o do seu irmão Roberto, que também viajou ao Paraguai.

Os documentos foram apreendidos assim como os telemóveis dos dois irmãos.

A operação policial foi consequência de uma denúncia do Departamento de Identificações do Paraguai, que advertiu as autoridades migratórias sobre a irregularidade com os passaportes paraguaios.

A Justiça também investiga uma suposta cumplicidade dos agentes migratórios por permitirem a entrada no país do brasileiro mesmo quando perceberam a irregularidade.

Não está claro por que razão o ex-jogador entrou no Paraguai com passaporte quando, entre os países sul-americanos, não é obrigatória apresentação de passaporte, sendo suficiente o uso do documento de identidade interno de cada país.

O ex-jogador e o seu irmão passaram a noite sob vigília da Polícia dentro do hotel. Às 8h desta quinta-feira (11h em Lisboa) devem comparecer perante o Ministério Público para declarar aos procuradores responsáveis pelo caso. “Amanhã [hoje] terão de apresentar-se às 8h na Procuradoria que determinará o destino deles”, indicou o ministro do Interior.

Euclides Acevedo explicou que o Departamento de Identificações percebeu que os passaportes não apareciam no sistema. Imediatamente, o Departamento de Migrações do Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Luque, região metropolitana de Assunção foi informado, mas os brasileiros passaram pelos controlos de segurança.

“Agora, não só queremos investigar a adulteração dos passaportes como também as autoridades que permitiram essa irregularidade por negligência ou por cumplicidade”, anunciou o ministro, que explicou ainda que a falsificação consistiu em adulterar um passaporte verdadeiro substituindo os nomes.

As suspeitas recaem sobre o empresário de Ronaldinho, o brasileiro Wilmondes Sousa Lira, que, segundo os irmãos, seria o responsável por obter os passaportes adulterados. O empresário que também estava na capital paraguaia foi detido.

Ronaldinho chegou na manhã de quarta-feira ao Paraguai para participar em eventos do lançamento de um programa social para crianças, organizado pela Fundação Fraternidade Angelical. Também viajou para lançar no mercado paraguaio o seu livro Génio na vida, que conta a sua história. Seria ainda entrevistado por um programa de um canal de televisão local.

Em Janeiro de 2019, Ronaldinho e seu irmão Roberto tiveram os seus passaportes apreendidos após decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que condenou, em Fevereiro de 2015, os irmãos a pagarem uma indemnização por causarem danos numa área de preservação ambiental na orla do rio Guaíba, em Porto Alegre. Em Outubro de 2019, a multa de 8,5 milhões de reais (1,6 milhões de euros) foi renegociada a 6 milhões de reais (1,1 milhões de euros) e Ronaldinho pôde recuperar o seu passaporte.

Em Fevereiro passado, o ex-craque tornou-se réu numa acção civil colectiva por danos morais e materiais devido à sua ligação com a empresa 18kRonaldinho, que bloqueou o dinheiro de clientes que investiram nas suas campanhas. A acção é movida pelo Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec) que identificou 150 pessoas lesadas dentro e fora do Brasil, inclusive em Portugal.

Apesar dos escândalos, o Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, através da Agência Brasileira de Turismo (Embratur) nomeou o ex-jogador como embaixador do turismo brasileiro.