Biblioteca Nacional vai receber espólio de Sophia de Mello Breyner

Martim Sousa Tavares, neto de Sophia, encontrou documentos por acaso na biblioteca da poeta. Carta a Jorge de Sena esteve escondida durante seis décadas.

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Sophia de Mello Breyner Andresen Adriano Miranda

Martim Sousa Tavares, neto de Sophia de Mello Breyner, descobriu em 2015 alguns textos inéditos escondidos na biblioteca pessoal da poeta – esses e outros textos serão agora doados à Biblioteca Nacional.

A descoberta aconteceu por acaso: enquanto folheava o livro Levantado do Chão, de José Saramago, Martim encontrou uma dedicatória “belíssima” para a poeta. A partir desse momento, depois de uma análise mais atenta, conseguiu perceber que mais de três centenas de livros possuíam dedicatórias destas, bem como poemas, cartas e traduções inéditas que serão agora doadas à Biblioteca Nacional. Aliás, este espólio foi já objecto de uma exposição no Jardim Botânico do Porto no ano passado.

A Renascença detalha o primeiro achado, a dedicatória de José Saramago, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1998, à poeta. Na opinião do neto, este gesto do escritor serve para deitar por terra a ideia de que a relação entre as duas figuras da literatura não era a melhor.

“Achei aquilo engraçado, porque como eles eram os dois nomeados para o Prémio Nobel, e ele ganhou, e ela disse sempre que aquilo não lhe interessava, havia esta ideia de que eles não se davam bem e que eram dois autores completamente avessos. E aquela dedicatória deita por terra essa teoria. Eles davam-se muito bem e tinham imenso respeito [um pelo outro]”, explica Martim Sousa Tavares.

Entre os inéditos escondidos durante anos entre as páginas dos cerca de mil livros que compõem a biblioteca pessoal da poeta estão também cartas e poemas. Uma destas, dirigida a Jorge de Sena, não consta do livro publicado com a correspondência trocada entre ambos. De acordo com o neto, a carta foi “passada a limpo e provavelmente apreendida pela PIDE”, estimando-se que este documento tenha estado escondido no livro desde 1961. 

Notícia corrigida às 17h

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