Crise na Guiné-Bissau: “Este é um processo muito imprevisível, muito louco”

Carlos Sangreman defende que só há uma forma de pôr fim à crise e ao caos institucional na Guiné-Bissau: recontar os votos. Umaro Sissoco Embaló e os seus apoiantes “estão a criar a ideia de que têm medo de fazer uma recontagem”, diz o investigador.

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Umaro Sissoco Umbaló ANTONIO AMARAL/Reuters

As eleições presidenciais na Guiné-Bissau, disputadas por Umaro Sissoco Embaló (Madem G-16) e por Domingos Simões Pereira (PAIGC), resultaram num recurso ao Supremo Tribunal a contestar o resultado, numa tomada de posse num hotel, na demissão de um primeiro-ministro e nomeação de outro, no surgimento de um chefe de Estado interino por iniciativa da maioria parlamentar. O choque entre a presidência e o Governo produziu duas presidências e dois governos. O que leva o investigador Carlos Sangreman, especialista em cooperação e que integrou missões do Banco Mundial, PNUD e União Europeia a dizer que a classe política da Guiné-Bissau não canaliza a sua imaginação para o desenvolvimento do país. “Canalizam-na para o caos, para o caos institucional. O caos tornou-se banal, pegando no termo da Hannah Arendt e usando-o noutro contexto. O caos é o costume”, diz o académico que fez a sua tese de doutoramento sobre “As políticas de ajustamento estrutural e o bem-estar das famílias urbanas na cidade de Bissau, 1986 – 1994 – 1998 - 2001”.

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