Mário Centeno: “É possível” um excedente já em 2019

Em entrevista à Reuters, o ministro das Finanças admite que os números do PIB podem ter ajudado o Governo a conseguir um excedente orçamental um ano antes do previsto.

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Reuters/PEDRO NUNES

O ministro das Finanças admitiu esta sexta-feira, em entrevista à Reuters, que Portugal pode ter conseguido um excedente orçamental já em 2019, um ano antes do previsto, em resultado de um crescimento económico mais forte no ano passado.

“É possível (ter um excedente já em 2019). A verdade é que no quarto trimestre a economia teve um desempenho muito, muito bom”, disse Mário Centeno à Reuters, no dia em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que o PIB cresceu 2,2% em 2019, acima da estimativa rápida publicada há duas semanas e uma marca superior à que constava na previsão do Governo (1,9%). 

O Governo previa um défice de 0,1% do PIB para 2019, mas já havia a convicção entre algumas instituições que o resultado podia ser melhor.

O número final será conhecido a 25 de Março e é apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). 

Se este excedente se confirmar, o Governo antecipa em um ano a obtenção de um saldo positivo que, para já estava previsto apenas para 2020. No Orçamento do Estado para este ano, o Executivo inscreveu uma meta de um excedente de 0,2% do PIB. 

“Houve uma recuperação nas exportações, o investimento também manteve o ritmo muito muito alto, o mercado de trabalho continua a apresentar óptimos resultados”, justifica o ministro das Finanças. 

Na mesma entrevista, o ministro das Finanças admite também que o sector bancário português continua a atrair investimento e que “para o futuro (a concentração bancária) continuará a acontecer”. 

A Reuters lembra que os analistas especularam sobre o facto de o Novo Banco ser apanhado por uma onda de consolidação no sector em Portugal. Questionado sobre este ponto, Centeno elogia a redução do malparado e acrescenta que “é natural que a avaliação do banco melhore e o mercado sinta algum apetite”.

O ministro das Finanças revela ainda que está a acompanhar as consequências que o Luanda Leaks está a ter nos negócios da empresária angolana Isabel dos Santos, que se está a desfazer de participações em Portugal. 

“Pedi a todos os supervisores em Portugal que me fornecessem todas as informações, estamos a trabalhar juntos para garantir que não há falhas no processo, nas instituições, empresas e no sector financeiro portugueses. Vamos agir de acordo, o que envolve, é claro, uma dimensão judicial se for caso disso”.

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