Na corrida às 7 Maravilhas da Cultura Popular, o Centro acumula candidaturas

O elevado número de candidaturas levou a que o prazo para submissão de propostas tenha acabado de ser prolongado até 8 de Março. E há de tudo, desde a Dança dos Cus à padeira de Aljubarrota.

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Cortejo das Cavalhadas de Vildemoinhos SERGIO AZENHA / PUBLICO

A organização do concurso 7 Maravilhas de Portugal anunciou a 12 de Fevereiro o tema para a edição de 2020: a Cultura Popular. O país abraçou a iniciativa e as candidaturas estão a multiplicar-se. Até agora, a Região Centro é que a que já apresentou mais propostas, com o distrito de Viseu a destacar-se nesta corrida aos galardões que premeiam desde lendas a artesanato, passando pelas festas ou romarias. 

A candidatura das Cavalhadas de Vildemoinhos foi anunciada esta quarta-feira. Integrado na categoria de Rituais e Costumes, o “histórico, festivo e popular” cortejo realiza-se ininterruptamente há 368 anos no dia 24 de Junho. “Assim, é por demais evidente o nosso desejo: homenagear e elevar o legado dos nossos antepassados”, é referido em comunicado.

“Apresentamo-nos como trambelos artistas que, imbuídos na alegria, na fé e no entusiasmo, renovamos a nossa identidade e história. Queremos mostrar como continuamos a erguer bem alto e a levar bem longe o nome das gentes da nossa terra e a dizer a todos que S. João Baptista é o nosso santo padroeiro”. A história deste cortejo remonta a 1652, ano em que o rio Paiva secou, deixando o povo sem água para regar os campos e sem energia para mover as mós dos moinhos. Reza a lenda que os moleiros se reuniram pela madrugada na capela de São João da Carreira para rogar ao santo. Com a água de novo a correr, os moleiros mantiveram a tradição de agradecer a São João e de festejar as Cavalhadas.

Foram, também, apresentados esta quarta-feira os candidatos da vila de Sátão: a procissão de velas em honra de Nossa Senhora da Esperança e a romaria de Nosso Senhor dos Caminhos - na categoria de Procissões e Romarias - e os sinos da Nossa Senhora da Esperança - em Lendas e Mitos. “Este é um reconhecimento público da cultura de um povo, das suas tradições, lendas e autenticidade que vão passando de geração em geração”, explicou a Câmara de Sátão.

Já na terça-feira havia sido divulgada a intenção da Associação do Carnaval de Cabanas de Viriato, no concelho de Carregal do Sal, de propor a concurso a tradicional “Dança dos Cus” - e, até, a possibilidade de concorrer a Património da Humanidade. Esta dança mantém-se inigualável desde o século XIX e consiste numa coreografia que inclui o choque de traseiros.

O Rijomax entrou em competição na sexta-feira. O relógio - que começou a ser construído em 1945 e apenas ficou concluído 28 anos depois - foi submetido pela Câmara Municipal de Tabuaço e faz parte da estratégia de promoção e divulgação deste ex-libris do concelho. O Rijomax está a ser alvo de uma intervenção de conservação e restauro e integra a categoria de Artefactos. Do Tabuaço foram, também, submetidas a história de Maria Coroada e o Cisma da Granja do Tedo (Lendas e Mitos), a Via-sacra (Procissões e Romarias) e o S. João do Tabuaço (Festas e Feiras).

No mesmo dia, o Carnaval de Canas de Senhorim juntou-se à festa na categoria de Rituais e Costumes. “A originalidade, criatividade, bairrismo e tradição são a imagem de um Carnaval que sabe equilibrar as heranças do passado com os desafios do futuro, oferecendo um presente cheio de garra, cor, brilho e brio; fulgor e desafio”, diz a candidatura. Pelo país fora diz-se que “a vida são dois dias e o Carnaval são três”, mas Canas de Senhorim tem outro lema: “o Carnaval é uma vida inteira”.

A Feira de São Mateus apresentou a sua candidatura na quinta, entrando para a categoria de Festas e Feiras. Em 2020, a Feira conta com 628 anos de história. Assumindo-se como a “Guardiã das Feiras Populares do país”, a festa ultrapassou o milhão de visitantes nos últimos quatro anos e espera conseguir mobilizar milhares de viseenses a votar.

Mais a sul, a Câmara de Alcobaça pretende que a Padeira de Aljubarrota seja distinguida na categoria de Lendas e Mitos.

As 7 Maravilhas da Cultura Popular

As categorias a concurso são Artesanato; Lendas e Mitos; Festas e Feiras; Músicas e Danças; Rituais e Costumes; Procissões e Romarias; Artefactos. Cada proposta de candidatura pode incluir até 7 candidatos.

Este ano, os candidatos finalistas são votados em cada um dos 18 distritos e nas duas regiões autónomas, constituindo um total de 20 os programas televisivos transmitidos em directo durante os meses de Julho e Agosto. Nessa fase, os candidatos já estarão reduzidos a 7 em cada distrito e região autónoma, num total de 140 patrimónios. Em cada programa da RTP será apurado um pré-finalista para passar às semifinais; posteriormente, haverá ainda uma repescagem. A gala final com os 14 finalistas realiza-se a 5 de Setembro.

A edição de 2020 é a 9ª realizada desde 2007. Ao longo dos anos, já se elegeram as 7 Maravilhas de Portugal (Património Histórico), as 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo (Património Histórico), as 7 Maravilhas Naturais de Portugal, as 7 Maravilhas da Gastronomia, as 7 Maravilhas – Praias de Portugal, as 7 Maravilhas de Portugal – Aldeias, as 7 Maravilhas à Mesa e as 7 Maravilhas Doces de Portugal.

Texto editado por Ana Fernandes

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