Morreu Hosni Mubarak, antigo Presidente do Egipto
Antigo líder autoritário egípcio, condenado por corrupção após a queda do seu regime na Primavera Árabe, morreu esta terça-feira aos 91 anos.
O ex-chefe de Estado do Egipto Hosni Mubarak, forçado a demitir-se durante a Primavera Árabe de 2011, morreu esta terça-feira aos 91 anos num hospital militar no Cairo, noticiou a televisão estatal egípcia.
Mubarak liderou o Egipto de forma autoritária durante quase 30 anos, com a cúpula do regime a confundir-se com a sua própria família, e foi um dos principais aliados dos Estados Unidos no Médio Oriente contra grupos armados e guardião da paz entre o Egipto e Israel, escreveu a Al-Jazeera.
O antigo líder egípcio chegou ao poder em 1981, depois de o seu mentor, o Presidente Anwar Sadat, ser assassinado durante uma parada militar por ter assinado a paz com Israel em 1979, após os acordos de Camp David, negociados pelo Presidente americano Jimmy Carter. Manteve-se no poder, exercendo-o com mão de ferro, mas o degradar da situação económica levou milhares de pessoas para as ruas exigindo a queda do regime e, principalmente, do Presidente egípcio.
Afastado do poder com a Primavera Árabe, em 2011, Mubarak foi um ano depois condenado a prisão perpétua pela morte de 239 manifestantes durante a revolta de 18 dias que, no ano anterior, culminou na sua demissão. Em 2017, porém, seria ilibado ao cabo de uma longa batalha judicial.
Viria contudo a ser condenado em 2015, com os dois filhos, Gamal e Alaa, por crimes de corrupção e desvio de fundos públicos cometidos durante as décadas em que esteve à frente dos destinos do Egipto. Seria libertado dois anos depois por motivos de saúde - desde que foi deposto que a vida de Mubarak alternava entre tribunais e hospitais.
No sábado, os dois filhos do antigo ditador foram ilibados em tribunal da acusação de terem vendido ilegalmente acções de um banco quatro anos antes da Primavera Árabe, o que teria desfalcado o erário público egípcio. Foi mais um sinal de as figuras da era de Mubarak estarem a ser gradualmente ilibadas, diz a Reuters.
A queda de Mubarak abriu caminho às primeiras eleições livres no Egipto, que levariam ao poder o islamista Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana. Este acabaria por ser deposto em 2013 pelo general Abdel Fattah al-Sisi, que se mantém no poder no Cairo desde então. Organizações e activistas de direitos humanos têm denunciado a crescente repressão no Egipto sob Sisi.
“De certeza que a sua morte é algo que vai fazer o povo relembrar-se da situação no Egipto, bem como do legado que deixou: um que permitiu ao regime militar continuar a governar”, disse o correspondente da Al-Jazeera Jamal al-Sayyal.
A Presidência egípcia reagiu à morte de Mubarak lamentando a morte do “líder militar e herói de guerra”.