As pessoas não são só inteligentes quando dá jeito
Numa democracia há lugar para referendos e para decisões parlamentares e é preciso critérios claros, consistentes e constantes para definir o que cabe a uns e a outras.
Não sei como dizê-lo de forma delicada, mas há poucos sinais mais claros de desespero do que quando um cronista é forçado a lançar a frase “as pessoas não são estúpidas” a um seu interlocutor. Significa que o cronista confia menos na sua argumentação do que na tentativa de conseguir o favor da audiência através da insinuação de que o seu oponente, no fundo, ache que o público não é suficientemente inteligente para decidir as coisas por si. O argumento é facilmente invertido: na verdade, quem acha mesmo que o público é suficientemente inteligente para chegar às suas conclusões não precisaria nunca de tal insinuação num debate.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.