Redução da violência no Afeganistão abre portas a acordo entre taliban e Estados Unidos
Se as partes cumprirem a promessa de suspensão dos ataques nos próximos sete dias, abrem-se as portas a um acordo mais duradouro que inclui o Exército afegão.
Os taliban do Afeganistão comprometeram-se com uma “redução significativa da violência” no país a partir da noite desta sexta-feira e ao longo da próxima semana. Se o acordo se mantiver, os Estados Unidos e o movimento islamista podem assinar um acordo mais abrangente no dia 29 de Fevereiro.
“Após longas negociações entre o Afeganistão e os Estados Unidos, ambas as partes concordaram em assinar o acordo final na presença de observadores internacionais”, disse um porta-voz dos taliban, Zabihullah Mujahid.
Segundo o porta-voz, os dois lados vão também tomar providências para a libertação de prisioneiros.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que os Estados Unidos e o taliban estão envolvidos em negociações para facilitar um acordo político no Afeganistão e reduzir a sua presença na região.
O acordo pode representar a primeira grande oportunidade para a paz no país após anos de guerra e uma presença de tropas dos Estados Unidos que remonta a 2001.
Os negociadores dos Estados Unidos e dos taliban reúnem-se desde 2018 em Doha, no Qatar, apesar de os combates prosseguirem no Afeganistão e de milhares de civis e combatentes terem sido mortos.
“Com base no plano, a redução da violência entre os taliban e as forças de segurança internacionais e afegãs vai durar uma semana”, disse à Reuters Javid Faisal, porta-voz do conselheiro de Segurança Nacional do Afeganistão.
“Esperamos que seja prorrogado por mais tempo e que abra caminho a um cessar-fogo e a negociações intra-afegãs”, acrescentou.
Três líderes dos taliban também confirmaram à agência Reuters que concordaram em reduzir a violência no Afeganistão por sete dias a partir da noite desta sexta-feira.
Não é um cessar-fogo
Um líder dos taliban disse à Reuters que o período não pode ser tratado como um cessar-fogo.
“Todas as partes têm o direito de se defender, mas não há ataques contra as posições de uns e de outros nestes sete dias”, disse o líder do Taliban.
Na semana passada, funcionários que estavam a par das negociações disseram que um acordo com os taliban seria seguido de negociações para um acordo político intra-afegão, entre os taliban e uma delegação que incluiria funcionários do Governo.
Os taliban recusaram-se sempre a falar directamente com o Governo de Cabul, que acusam de ser um fantoche dos EUA.
As forças afegãs vão manter as operações militares normais contra outros grupos, como o Daesh, disse o porta-voz afegão.