Marcos Valle contra a asfixia
O grande “meteorologista” da música brasileira está de volta, político e romântico, baladeiro e groovesco.
Quando no passado, Marcos Valle anunciava Sempre como o seu regresso aos terrenos do funk/boogie, a água na boca de quem tem na memória Vontade De Rever Você (81) ou Marcos Valle (83) como algumas das pérolas da música negra brasileira dos anos 70/80 foi muita. A capa, um espantoso e démodé sunset californiano em tom rosa edulcorado, a isso ajudava. A desilusão, essa, viria depois: impecavelmente tocado, Sempre era um disco sem fôlego nem fulgor, riffs e grooves que, soando obviamente bem, se estendiam excessiva e redundantemente ao longo de um trabalho esquemático e relativamente esquecível. Quão diferente é agora a experiência do ouvinte mal acaba de colocar Cinzento a tocar: um magnífico piano, solene mas luminoso, clássico embora swingado, a abrir caminho para um dos mais interessantes discos a solo de Valle nas últimas duas décadas.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.