Ilustração
Os retratos de Frida ou Picasso, desenhados por um robot (que não concorre com humanos)
A passagem de Rob e Nick Carter para a utilização da inteligência artificial nas suas criações artísticas foi “muito natural”. Os meios com os quais trabalham — sejam fotogramas, imagens geradas por computadores ou impressão 3D — são uma prova do desejo de “explorar novas tecnologias”. E a utilização de inteligência artificial para fazer arte é, para eles, comparável à de “lama e sangue pelos homens das cavernas”.
“Acreditamos que o uso da robótica e inteligência artificial vai tornar-se, em breve, numa outra linguagem no domínio da arte”, escreve o casal de artistas ao P3. Por isso, criaram a Dark Factory Portraits, uma série de retratos de personalidades icónicas, desenhados por um robot, a partir de fotografias.
O processo demorou três anos. “Começou por, simplesmente, ensinar o robot a pegar num pincel e usá-lo numa tela — demorámos seis meses a conseguir este resultado”, contam os artistas. Depois, foram evoluindo: ensinaram-no a pintar círculos — e gostaram de ver um robot a fazê-lo, até porque “nenhum humano consegue desenhar um círculo perfeito”.
“Quando atingimos o ponto em que ele conseguia desenhar 14 círculos concêntricos numa tela, sabíamos que o podíamos fazer desenvolver um estilo de pintura, guiado pelo nosso desejo e refinamento visual”, afirmam. Puseram-no, então, a desenhar Frida Kahlo, Picasso, Andy Warhol ou Marina Abramović. E o resultado está em exposição na galeria Ben Brown Fine Arts, em Londres, até 17 de Abril de 2020.
Mas a automatização das mais diversas tarefas não assusta Rob e Nick. Pelo contrário: “Estamos ansiosos por ver como outros artistas vão usar a inteligência artificial e a robótica nos seus trabalhos.” E continuam: “Acreditamos que a tecnologia deve ser abraçada, mas não acreditamos que será capaz de fazer alguma coisa sem que sejam os humanos a dizer-lhe; ou, pelo menos, que vá ser capaz de ter uma ideia.” E foi exactamente assim que Dark Factory Portraits nasceu, com Rob e Nick a dizerem a um robot “que pincéis e estilo usar”. E tranquilizam os mais ansiosos: “Não estamos a tentar competir com a mão humana.”