Morreu um pioneiro: o músico e produtor Andrew Weatherall
Frequentemente associado aos Primal Scream, e à ligação entre rock e música de dança, o músico, DJ e produtor morreu esta segunda-feira, aos 56 anos.
Uma lenda da música de dança (e não só) britânica, entre muitos outros feitos ao longo de uma carreira que durou desde os anos 1980, Andrew Weatherall, pioneiro das movimentações acid-house, morreu esta segunda-feira, aos 56 anos, num hospital londrino, vítima de uma embolia pulmonar. Mentor de projectos como Sabres Of Paradise ou Two Lone Swordsmen, e produtor, dos Primal Scream aos One Dove, Weatherall foi DJ, produtor, crítico, músico e fundador de fanzines e editoras.
Nascido em Windsor em 1963, Andrew James Weatherall começou como DJ e redactor de uma fanzine e, ao longo dos anos, trabalhou como produtor ou remisturador para nomes como Paul Oakenfold, The Orb, Beth Orton, Björk, Siouxsie Sioux, New Order, Manic Street Preachers, James, My Bloody Valentine, Fuck Buttons ou The Twilight Sad. Também lançou música a solo, começando com o EP The Bulletcatcher’s Apprentice e continuando com o álbum A Pox in the Pioneer, de 2009. Ao longo dos anos liderou o trio The Sabres of Paradise e o duo Two Lone Swordsmen. Continuou a trabalhar até aos dias de hoje, tendo actuado por diversas vezes no Lux-Frágil, em Lisboa, a última das quais a 25 de Janeiro deste ano.
Andrew Weatherall é frequentemente associado aos Primal Scream e à relação entre rock e linguagens electrónicas hedonistas. Foi ele o homem que a banda de rock foi buscar no início dos anos 1990, quando estes se queriam virar para a dança. Weatherall transformou I'm Losing More Than I'll Ever Have em Loaded, dando à banda um êxito de massas e ajudando a produzir depois o seminal álbum Screamadelica, um dos mais marcantes dos anos 1990.
Mais tarde, já nos anos 2000, foi um dos grandes impulsionadores da ligação entre música de dança e rock, da qual haveriam de sair projectos como os LCD Soundsystem e tantos outros. Em 2005, numa entrevista em Lisboa ao PÚBLICO, falava do reconhecimento repentino que o álbum Screamadelica dos Primal Scream lhe deu: “As luzes acenderam-se rapidamente para mim e isso foi assustador. Numa semana trabalhava numa loja de discos e na outra tinha jornalistas atrás de mim. Foi estranho. De repente, o rapaz que era fã de revistas de música aparecia na capa das mesmas com títulos como ‘o produtor do ano’ e coisas desse género. Na minha mente, eu ainda era apenas um rapaz dos subúrbios.”