Nem jornal nem operadora de telecomunicações: como o Facebook quer ser regulado
Mark Zuckerberg diz que as redes sociais devem ser reguladas pelo Estado, mas com uma legislação diferente da actual.
Nem media nem operadora de telecomunicações, mas algures no meio. O presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, diz que o conteúdo que é publicado na rede social deve ser regulado pelos Estados com um modelo algures entre a legislação que existe para os meios de comunicação e a que regula as operadoras de telecomunicações.
“Penso que deve haver regulação para conteúdos prejudiciais… há uma questão sobre qual o enquadramento que devemos usar para isto”, afirmou Zuckerberg este sábado, na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, perante líderes e responsáveis de segurança de todo o mundo.
“Neste momento, há dois enquadramentos para indústrias já existentes — existem os jornais e os outros media e depois há o modelo das telecoms”, disse. Se os media são responsáveis pelo que publicam, “os dados apenas fluem” pelas operadoras de telecomunicações. “Não vamos responsabilizar a empresa se alguém diz algo prejudicial através da linha telefónica”.
“Penso que onde devemos estar é algures no meio”, concluiu.
Zuckerberg garante que o Facebook implementou medidas para contrariar as chamadas fake news e as tentativas de interferência em eleições, depois do escândalo que envolveu a Cambridge Analytica, cuja manipulação online terá ajudado Donald Trump a vencer as últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos.
O líder da maior rede social do mundo afirmou que o Facebook emprega actualmente 35 mil pessoas para rever conteúdo online.
Estas equipas e tecnologia automatizada suspendem todos os dias mais de um milhão de contas falsas, disse Zuckerberg, “a vasta maioria” das quais “são detectadas poucos minutos depois de serem criadas”.
“O nosso orçamento é maior hoje do que toda a receita da empresa quando entramos em bolsa, em 2012, e tínhamos mil milhões de utilizadores”, afirmou, em Munique. “Estou orgulhoso dos resultados, mas temos, definitivamente, de nos mantermos vigilantes.”