“Às vezes somos apenas pessoas com telhas e quatro paredes”

O “cognome” proprietária vem muitas vezes carregado de preconceitos. Mas um senhorio pode ser pobre ou remediado - e nem sempre tem no lucro o seu destino único. Maria de Fátima vai recuperar a ilha herdada do pai com apoio do 1º Direito e, com ela, promover a habitação a preços justos. Que papel pode ter um senhorio na transformação de uma cidade?

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Apareceram-lhe à porta sem aviso prévio e com frugais apresentações. Dois italianos, “quarentões e bem-apessoados”, roupa fina e livros debaixo dos braços. Dois “investidores” em busca da “dona Fátima”, proprietária de uma ilha em São Victor e moradora na Rua das Oliveirinhas. De avental e vassoura na mão, ela ouviu, dizendo ser a irmã de Fátima e não a própria, mas questionando, algo indiferente, quanto valeriam, então, as 12 pequenas casas da ilha. “Para aí uns 900 mil?...” Eles acenaram, sem indício de qualquer espanto. “A sua irmã que nos ligue”, pediram, entregando um “cartão chique” à mulher que lhes havia aberto a porta e que era, afinal, a própria “dona Fátima”. Despediu-se, entrou em casa, deitou o cartão ao lixo. “A ilha é parte da minha família. Não está à venda. Ponto final parágrafo.”

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