Covid-19: novos casos abrandam pelo terceiro dia consecutivo
Foram reportados 2009 novos casos na China continental, enquanto o número de infectados do navio em quarentena no Japão aumentou para 355. Devido ao surto, as operações na China de empresas como a Toyota encontram-se comprometidas.
A China anunciou este domingo uma queda nos novos casos de Covid-19 pelo terceiro dia consecutivo. Foram reportados 2009 novos casos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, elevando o número total para 68.500. A taxa de mortalidade permaneceu estável, com 142 novas mortes, informou a Comissão Nacional de Saúde.
O número de mortos na China continental pelo novo coronavírus fixou-se nos 1665. No total, 9419 pessoas receberam alta após terem superado a doença.
A imprensa estatal publicou no sábado à noite um discurso proferido pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a 3 de Fevereiro, em que este afirma ter dado instruções sobre como combater o vírus a 7 de Janeiro. A divulgação indica que os líderes do país conheciam a possível gravidade do surto semanas antes de os perigos terem sido divulgados ao público. Apenas no final de Janeiro as autoridades revelaram que o vírus podia ser transmitido entre seres humanos.
A queda no número de novos casos verifica-se depois de um pico (mais de 15.000 novas infecções), registado na quinta-feira, quando a província central de Hubei (onde fica Wuhan, o epicentro do surto) adoptou um novo método de contagem, que inclui diagnósticos clínicos. As autoridades chinesas isolaram várias cidades de Hubei, no centro do país, para tentar controlar a epidemia, medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.
Além dos 1665 mortos na China continental, há a registar um morto na região especial administrativa chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão e um em França (registado este sábado), elevando o número total de mortes a nível mundial para 1669.
Em Portugal, surgiram até agora sete situações suspeitas, mas nenhum caso se confirmou.
Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, há 44 casos confirmados na União Europeia e no Reino Unido.
Infectados no navio Diamond Princess aumentam
O número de pessoas infectadas com o Covid-19 do navio de cruzeiro Diamond Princess em quarentena no Japão aumentou para 355, anunciou este domingo o ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato.
Nas últimas 24 horas foram confirmados mais 70 casos. Kato adiantou, numa declaração na emissora pública NHK, que foram testadas 1219 pessoas (das 3711 pessoas a bordo do navio) até ao momento, acrescentando que várias dezenas de pessoas entre os 355 contaminados não apresentavam sintomas da doença. Os casos confirmados são desembarcados e transferidos para hospitais japoneses especialmente equipados.
O Diamond Princess, que atracou em Yokohama, uma cidade portuária a sudoeste de Tóquio, foi colocado em quarentena com mais de 3600 pessoas a bordo. Cerca de 380 norte-americanos que se encontram no navio deverão ser repatriados este domingo, segundo a embaixada dos Estados Unidos.
Para além daqueles identificados no navio de cruzeiro, o Japão já registou 44 casos e uma morte devido ao Covid-19.
Hong Kong também anunciou este domingo que vai fretar um avião para fazer regressar 350 residentes daquela região administrativa especial chinesa que se encontram sob quarentena, devido ao Covid-19, no Diamond Princess. “Levando em consideração o risco potencial para a saúde pública, as pessoas envolvidas irão permanecer no centro de quarentena, por 14 dias, após sua chegada a Hong Kong”, afirma um comunicado do Governo.
Segundo a informação disponibilizada pelo operador do navio, encontram-se 350 residentes de Hong Kong no navio: 260 com passaporte daquela região administrativa e 70 com passaporte estrangeiro.
As autoridades canadianas avançaram com uma iniciativa semelhante “devido às circunstâncias extraordinárias enfrentadas pelos passageiros do Diamond Princess e para aliviar a carga sobre o sistema de saúde japonês”, conforme referido num comunicado oficial. Aproximadamente 250 canadianos embarcaram neste cruzeiro.
Já os media australianos informaram que Camberra também está a considerar a opção de retirada dos seus cidadãos nacionais. As primeiras partidas de aviões especialmente fretados para a retirada de passageiros devem ocorrer entre a noite deste domingo e a madrugada de segunda-feira.
Uma reunião com especialistas e o gabinete do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, está agendada para a tarde deste domingo, para avaliar a situação e eventuais medidas adicionais para conter a propagação do vírus.
A quarentena de passageiros do Diamond Princess está programada para terminar a 19 de Fevereiro, mas desenvolvimentos recentes podem afectar esse calendário.
Toyota adia retoma total das operações na China
A fabricante japonesa de automóveis Toyota Motor decidiu este domingo adiar a retoma total das suas operações na China devido ao surto do Covid-19, prolongando uma suspensão que vigora desde final de Janeiro.
O maior construtor japonês do sector automóvel opera quatro fábricas de montagem na China, que foram temporariamente encerradas para o ano novo chinês, e cuja reabertura foi adiada, devido a problemas no fornecimento de componentes, face ao surto.
A Toyota decidiu reabrir três das quatro fábricas, na segunda-feira, mas a operar a meia capacidade, enquanto a quarta, localizada em Chengdu, no oeste da China, pode voltar a operar na próxima semana.
Um porta-voz da Toyota afirmou que a empresa não definiu ainda quando vai operar na capacidade total, acrescentando que a situação em cada fábrica depende de várias circunstâncias logísticas e das directrizes das autoridades chinesas. A empresa possui outras oito fábricas de motores e peças automóveis, cuja operação foi também temporariamente suspensa ou reduzida.
O surto do Covid-19 também afectou o segundo maior fabricante japonês, a Nissan Motor, que atrasou a reabertura de quatro fábricas na China até pelo menos o início da próxima semana.
Outras empresas japonesas do sector automóvel, como a Honda ou Isuzu, foram forçadas a tomar medidas semelhantes, devido a interrupções no fornecimento e outros obstáculos logísticos na China, de onde são oriundas 30% das importações japonesas de peças automóveis.