Coronavírus: portugueses em quarentena já saíram do hospital
Ministra da Saúde encontrou-se com os internados antes de deixarem o hospital. Graça Freitas, directora-geral da Saúde, referiu que os cidadãos podem regressar à sua “vida normal” e que a abordagem ao Covid-19 em Portugal tem sido “um sucesso”.
Os 18 portugueses e as duas brasileiras que estavam em quarentena no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, devido ao coronavírus Covid-19, já abandonaram a unidade hospitalar.
Antes de saírem tiveram um encontro com a ministra da Saúde, Marta Temido, e com a directora-geral da Saúde, Graça Freitas.
As duas atletas brasileiras que se encontravam em quarentena agradeceram à saída os cuidados que lhes foram prestados. Em declarações aos jornalistas, uma delas afirmou: “O Governo de Portugal, o hospital, todo o mundo tratou a gente muito bem”. Vão nos próximos dias regressar a casa no Brasil, para junto das famílias com as quais, disseram, têm estado em contacto permanente.
Desde o início do mês que os 20 cidadãos estavam instalados no Hospital Pulido Valente (Centro Hospitalar de Lisboa Norte), num isolamento voluntário que tem, essencialmente, carácter preventivo.
“Os últimos dias foram de grande impaciência, não só porque se aproximava o fim da quarentena, mas também porque íamos fazer novos exames. Correu tudo bem. Estamos todos com saúde e agora é aproveitar os próximos dias. Estamos todos muitos contentes”, disse ao PÚBLICO Luís Estanislau, que, antes de regressar a Portugal, vivia há um ano e meio em Wuhan, na China, epicentro do vírus, onde era treinador adjunto do Hubei Chufeng Heli, um clube da segunda liga chinesa de futebol.
Na quinta-feira, os internados fizeram novos exames e “as análises laboratoriais realizadas pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, com duas amostras biológicas, foram todas negativas”.
Em conferência de imprensa durante a tarde deste sábado, Graça Freitas garantiu que os cidadãos que estiveram em quarentena vão poder voltar à sua vida normal. “Terminado este período de isolamento profiláctico que durou 14 dias desde a data e da hora em que o avião saiu da cidade de Wuhan, estas pessoas são exactamente iguais às outras, felizmente não adoeceram e não houve nenhum teste positivo. Vão poder voltar à sua vida sem nenhuma restrição”, disse.
Num ponto da situação sobre o coronavírus Covid-19, a directora-geral da Saúde garantiu que “gostou muito” do estado de espírito dos 18 portugueses e duas brasileiras. “Estavam animados, bem-dispostos e satisfeitos por terminar o isolamento. Percebia-se que houve ali grande interacção e companheirismo entre as pessoas e os profissionais”, referiu. Graça Freiras sublinhou ainda que os 20 cidadãos estavam “muito satisfeitos” por Portugal os ter ido buscar à China.
Procedimentos em Portugal têm sido “um sucesso"
Apesar de afirmar que cada caso serve para “afinar certos procedimentos”, a directora-geral da Saúde afirmou que a abordagem ao Covid-19 tem sido um sucesso. “Tudo em Portugal correu bem. Os que precisaram de ficar em isolamento profilático ficaram, os testes diagnóstico e a linha de apoio funcionam, os médicos e profissionais de saúde estão atentos aos diagnósticos, os cidadãos estão a ter um comportamento adequado à situação e não há pânico”, avançou.
Ainda assim, a responsável disse existirem diferenças entre um caso suspeito em Lisboa e noutras partes do país. “O tempo para análise em Lisboa é mais rápido já que as amostras vão para o Instituto Ricardo Jorge. É diferente de um caso que venha do Porto”, exemplificou a directora-geral da Saúde.
Graça Freitas afirmou que o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, está pronto para receber adultos que apresentem sintomas relacionados com o novo coronavírus e o Hospital Dona Estefânia, também na capital, está preparado para receber crianças. Na região Norte, o Hospital de São João, no Porto, recebe ambos os grupos. Esta segunda-feira, a DGS deverá obter uma lista de todos os hospitais nacionais que têm quartos de isolamento disponíveis.
A responsável da DGS afirmou que Portugal tem estado a colaborar com as autoridades internacionais através do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e voltou a pedir aos cidadãos portugueses que “não discriminem ninguém em função da sua origem”.
Graça Freitas realçou que não é possível antecipar o que acontecerá nos próximos dias em relação ao novo coronavírus. “Só quando conseguirmos perceber a cadeia de transmissão, o período de incubação e o tempo total em que as pessoas são infecciosas, é que conseguiremos perceber qual será o seu impacto”, referiu a responsável, garantindo que a DGS acompanha hora a hora o que se passa na China e no resto do mundo.
Sobre as duas alunas chinesas do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) que vão regressar da China, Graça Freitas afirmou que as autoridades de saúde locais vão acompanhar os dois casos e sublinhou que só quem tem sintomas ou vem da região de Hubei, epicentro do surto, é que será submetido a testes e consequente quarentena.