Mais de seis mil corpos encontrados em seis valas comuns no Burundi
Esta é a maior descoberta desde que o Governo ordenou que fossem iniciadas escavações em todo o país. Os restos mortais de 6032 vítimas foram encontrados juntamente com milhares de balas.
A Comissão da Verdade e Reconciliação do Burundi encontrou mais de seis mil corpos em seis valas comuns na província de Karusi. Esta é a maior descoberta desde que o Governo ordenou que fossem iniciadas escavações em todo o país, no início deste ano.
O presidente da comissão, Pierre Claver Ndayicariye, disse aos jornalistas nesta sexta-feira que os restos mortais de 6032 vítimas, juntamente com milhares de balas, tinham sido recuperados. Roupas, óculos e terços foram usados para identificar algumas das vítimas.
A pequena nação da África Oriental está a esforçar-se para “se conformar” com o seu passado violento, caracterizado pela ocupação colonial, guerra civil e décadas de massacres intermitentes.
Referindo-se a um massacre que se acredita ter tido como alvo pessoas da etnia Hutu, Ndayicariye referiu que as famílias das vítimas foram capazes de “quebrar o silêncio” imposto há 48 anos. A população do Burundi é dividida entre os grupos étnicos Tutsi e Hutu. A guerra civil, que matou 300 mil pessoas antes de terminar em 2005, teve implicações étnicas.
A comissão governamental foi criada em 2014 para investigar atrocidades que tiveram lugar desde 1885, quando cidadãos estrangeiros chegaram ao Burundi, e até 2008, altura em que se chegou a um acordo de paz para acabar com a guerra civil.
Até agora, a comissão já mapeou mais de quatro mil valas comuns em todo o país e identificou mais de 142 mil vítimas. A Comissão de Inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou o mundo, em 2017, para os crimes contra a humanidade que estão a ser cometidos no Burundi, país que se encontra numa crise política desde 2015. A violência neste país africano estalou há dois anos, depois de o Presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, se ter recandidatado à presidência para um terceiro mandato. Desde então, mais de milhares pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.