Benfica também não escapa ao Sp. Braga
Minhotos vencem na Luz e fazem o pleno diante dos “grandes”. Foi a segunda derrota consecutiva no campeonato para os “encarnados”, que podem ficar com a liderança segura por apenas um ponto.
Quem é Micael Sequeira? Oficialmente, é o treinador do Sp. Braga e, oficialmente, foi o segundo melhor treinador da I Liga no mês de Janeiro. Bracarense de nascimento e com quase toda a carreira na formação do clube, Sequeira é um técnico encartado e com direito a levantar-se do banco para falar com os seus jogadores. Ao contrário de Rúben Amorim, um técnico que, oficialmente, não tem qualificações para treinar uma equipa da I Liga portuguesa. Mas os resultados dizem o contrário e, neste sábado, Amorim mostrou mais uma vez as suas qualificações. Depois de ganhar duas vezes ao FC Porto e duas vezes ao Sporting, este Sp. Braga oficiosamente treinado por Amorim foi à Luz bater o Benfica, por 0-1.
Desde que Amorim ocupou a cadeira que era de Ricardo Sá Pinto, o Sp. Braga ganhou oito dos seus nove jogos (empatou com o Gil Vicente), uma sequência que já deu uma Taça da Liga e recolocou os minhotos na luta por um lugar no pódio — nada mau para alguém que, há poucos meses, estava nos sub-23. E se o Sp. Braga mostra saúde por todos os lados, em sentido contrário parece ir o Benfica, que, pela primeira vez na era Bruno Lage, perdeu dois jogos consecutivos no campeonato (foi derrotado no Dragão, há uma semana). Vai continuar na liderança, mas esta pode ficar segura por apenas um ponto, se o FC Porto triunfar hoje em Guimarães.
Aconteça o que acontecer no Minho, a verdade é que o Benfica voltou a mostrar sinais de quebra e é vulnerável a uma equipa que encaixa bem nas suas fraquezas. Há, por exemplo, um problema na defesa, onde Vlachodimos e Rúben Dias não chegam para tudo, e há um problema com a ausência de Gabriel — Weigl esconde-se do jogo e obriga Taarabt a trabalhos forçados. E quando há falta de pontaria dos homens da frente, fica difícil. Oportunidades não faltaram. Mas do outro lado também as houve.
Foram do Benfica as primeiras aproximações com perigo, feitas pela pressão alta “encarnada” e por erros minhotos na construção. Aos 6’, Rafa Silva roubou a bola a David Carmo, foi até à grande área, mas o seu remate, de tão colocado, saiu ao lado. O mesmo destino teve a perda de bola de Wallace para Cervi — o argentino ficou em boa posição, mas desequilibrou-se e não atirou bem. Parte da tarefa de uma equipa no jogo é provocar o erro do rival e, neste capítulo, o Benfica estava a sair-se bem.
Sempre fiel ao seu processo de construção, o Sp. Braga foi conseguindo libertar-se da pressão “encarnada” e levar o jogo até à baliza de Vlachodimos. Galeno teve uma boa jogada individual aos 18’ e João Palhinha, aos 32’, atirou ao poste num livre bombeado para a área — estava, no entanto, em fora-de-jogo. O Benfica respondeu com outra grande oportunidade, aos 42’, com um cruzamento perfeito de Pizzi ao qual Vinícius não deu o melhor seguimento.
Aos 45’, foi Fransérgio quem, livre de marcação, obrigou Vlachodimos a uma defesa para canto. Ainda havia um minuto de compensação para jogar e foi neste minuto que o jogo ficou decidido. Sequeira levantou a bola para a área, Palhinha fugiu à marcação de Ferro e cabeceou para o fundo das redes “encarnadas”.
A segunda parte acabou logo a seguir ao golo. O Benfica precisava de fazer mais e, aos 49’, Vinícius enviou uma bola ao poste, mas, na resposta rápida, Paulinho obrigou Vlachodimos a mais uma boa defesa. Aos 55’, Vinícius voltou a cabecear por cima na sequência de um livre, e, do outro lado, voltou a brilhar o guardião grego, a um remate de Fransérgio.
Lage foi enchendo a equipa de avançados (Seferovic, Chiquinho e Dyego), mas o discernimento do Benfica foi sendo cada vez menor. Pizzi ainda tentou uma jogada individual, aos 68’, e ainda respondeu bem a um passe de Weigl aos 76’, mas Matheus esteve em ambos os momentos no caminho. O Sp. Braga nunca cedeu à tentação de defender demasiado e até podia ter marcado mais um, com Ricardo Horta a alvejar a baliza, frustrado, mais uma vez, por Vlachodimos. O Sp. Braga voltava a ganhar na casa dos “encarnados”, 65 anos depois, e Rúben Amorim juntou mais um derrotado ilustre ao seu currículo. Oficiosamente, claro.