Os sete finalistas a Carro do Ano em Portugal

Numa altura em que os SUV representam uma fatia cada vez mais grossa das vendas, a escolha dos sete finalistas a melhor proposta automóvel para o mercado português privilegia utilitários e familiares.

,BMW 1 Series
Fotogaleria
BMW Série 1 DR
,Crossover
Fotogaleria
Kia XCeed DR
,2013 Mazda3
Fotogaleria
Mazda3,Mazda3 DR,DR
,Opel Astra
Fotogaleria
Opel Corsa DR
,Veículo utilitário esportivo
Fotogaleria
Peugeot 208 DR
,Hatchback
Fotogaleria
Skoda Scala DR
,Show de automóveis
Fotogaleria
Toyota Corolla DR

São confortáveis, sobretudo graças a uma posição de condução mais elevada, esteticamente apelativos e prometem ir a todo o lado: os SUV (sport utility vehicles) vieram para ficar e, de ano para ano, as vendas destes crescem. No entanto, é visível que as marcas sabem que os outros segmentos continuam a ser importantes e têm multiplicado esforços para construir produtos cada vez melhores. Prova disso é o facto de mais de metade dos inscritos a Carro do Ano, entre as classes compacto, grandes e eléctrico, serem SUV e apenas um ter chegado aos sete finalistas, dos quais sairá o vencedor do troféu maior, a ser revelado a 27 de Fevereiro. 

Dos 24 candidatos a Carro do Ano 2020, o júri, composto por 19 jornalistas que acompanham o sector para os respectivos órgãos de comunicação social, escolheu destacar dois utilitários (Opel Corsa e Peugeot 208), quatro familiares (BMW Série 1, Mazda3, Skoda Scala e Toyota Corolla)​ e um SUV (Kia XCeed), numa selecção que deixa adivinhar uma luta renhida nas classes. Opel Corsa e Peugeot 208 são os dois únicos candidatos a Melhor Citadino e dos que concorrem a Melhor Familiar apenas ficou de fora o Kia Proceed. No entanto, nada é estanque, uma vez que os atributos para escolher o vencedor do galardão maior, em que é analisada a gama do modelo, diferem das premissas para eleger o melhor entre a sua classe (em avaliação, está apenas a versão submetida a concurso).

Foto

BMW Série 1

A nova geração do Série 1 chegou com uma grande novidade: pela primeira vez na história do modelo, a marca bávara dotou-o com tracção dianteira, contrariando a política defendida até aqui para este familiar, o único do segmento C que se apresentava com tracção atrás. A justificação até aqui prendia-se com a emoção de condução. No entanto, a BMW percebeu que o que poderia poupar com este novo esquema não iria beliscar os que optam pelos motores menos potentes, além de a decisão ter proporcionado um aumento de espaço, como na bagageira, que se apresenta com mais 20 litros (parece pouco, mas são mais quatro garrafões de água...), um dado a que as famílias dão importância. Já para quem escolhe uma das motorizações com mais garra, a solução reside na inclusão de série de tracção integral xDrive​. O carro destaca-se ainda pela visível melhoria no sistema de infoentretenimento, para gerir num ecrã de 10,25'’, pela inclusão de mais tecnologia, com controlos por gestos ou chave digital a partir de um smartphone, ou pelo investimento na segurança, com sistemas como o alerta de colisão atrás e trânsito cruzado entre os opcionais. Mas, mesmo com apenas o equipamento de segurança de série, voltou a conseguir as cinco estrelas Euro NCAP, o organismo independente que avalia a segurança dos veículos automóveis comercializados na Europa.

Foto

Kia XCeed

Está na classe dos SUV (e já o descrevemos como tal), mas a sul-coreana Kia decidiu inovar e apostar antes neste novo elemento da família Ceed como um CUV, isto é um crossover utility vehicle. Ou seja, optou por combinar a praticabilidade e versatilidade de um SUV ao que designam por um estilo mais dinâmico e uma condução mais animada, com um perfil mais baixo e uma linha de tejadilho a cair que nem um desportivo coupé. Mas um dos seus melhores atributos passa pela revista suspensão, com a estreia de amortecedores de batentes hidráulicos, oferecidos de série no eixo dianteiro, com notas elevadas quer na estabilidade quer no conforto, mesmo em traçados menos lineares. A gama de motorizações é, para já, composta por cinco propostas (três gasolina, com o 1.0 T-GDi 120 cv, o 1.4 T-GDi de 140 cv e o 1.6 T-GDi de 204 cv; dois diesel, com o 1.6 CRDi, nas declinações de 115 e 136cv), mas o plug-in a gasolina está para chegar em breve. Em termos de equipamento, há apenas duas versões, Drive e Tech, sendo possível a partir da proposta de base encontrar um veículo bem recheado: faróis full LED, jantes de 18'’, estofos em tecido e pele... Uma das mais-valias do Kia XCeed passa ainda pela garantia esticada: sete anos ou 150 mil quilómetros.

Foto

Mazda3

O Mazda3 chegou, há um ano, assente numa nova plataforma (Skyactiv-Vehicle Architecture, SVA), a estrear novos motores (incluindo uma solução inovadora com o Skyactiv-X) e a exibir um design cuja filosofia foi amadurecida e simplificada. No mercado com duas distintas carroçarias, um desportivo hatchback e um clássico sedan, o Mazda3 conseguiu ainda conquistar as cinco estrelas de segurança Euro NCAP, conseguindo um lugar no top-5 dos familiares mais seguros. Mas uma das maiores inovações foi ter estreado o primeiro bloco a gasolina cuja ignição se faz (também) por compressão. Uma revolução se se tiver em conta que, até aqui, apenas os motores diesel funcionavam assim, já que os blocos a gasolina necessitam de uma vela de ignição, cuja centelha provoca a explosão da mistura ar/gasolina. O que os engenheiros da Mazda conseguiram foi montar um sistema que, não excluindo a vela, executa a combustão da mistura ar/combustível por compressão. Além deste bloco, as propostas recaem sobre um gasolina de 2,0 litros com 122cv, assistido por um sistema mild-hybrid de 24 V, e um diesel 1.8 de 116cv. Em termos de conforto e de ergonomia, a marca continua a dar cartas, em linha com a filosofia jinba ittai, expressão que na origem representava a união entre cavalo e cavaleiro e que, desde 2011, a Mazda adoptou para simbolizar a aliança ambicionada entre condutor e veículo. 

Foto

Opel Corsa

Uma completa nova geração de um dos mais bem-sucedidos modelos do mercado luso (há alguém que nunca tenha apanhado boleia num ou conhecido alguém que já teve um Corsa?), mas também o coroar do novo caminho que a Opel começou a trilhar desde que a marca foi adquirida pelo grupo PSA. O Corsa mantém as premissas da tão aclamada “precisão alemã” e, apesar de incorporar tudo o que o mundo de tecnologias do grupo francês tem para oferecer, conseguiu manter a sua identidade germânica. Ainda assim, revela um design mais solto e fluido. Na estrada, é difícil encontrar defeitos na forma como abraça curvas ou no equilíbrio obtido na sempre difícil equação entre rigidez e conforto. E, curiosamente, sendo este um carro feito sobretudo para a cidade, é nos mais elevados regimes que se mostra mais à vontade. Entre as motorizações, há três propostas a gasolina assentes no três cilindros de 1,2 litros: de 75cv, 100cv e 130cv. A gasóleo, uma única versão: o quatro cilindros com 1.5 litros e 100cv. Mas há novidades a sair, com o lançamento do e-Corsa. No equipamento, Elegance, para quem privilegia elementos de sofisticação, e GS Line, com traços desportivos, são as duas versões de topo assentes na recheada Edition de base, que já traz retrovisores eléctricos e aquecidos ou ar condicionado. Destaque para a estreia no segmento de faróis Matrix LED. Nos testes Euro NCAP, obteve quatro estrelas, valor comum no segmento em que se insere.

Foto

Peugeot 208

Com as mesmas quatro estrelas de segurança pela Euro NCAP que o agora irmão Opel Corsa, o não menos emblemático 208 partilha quase todos os componentes e soluções com o modelo germânico, não descurando o sobejamente conhecido estilo francês. Adoptando muitos dos códigos estéticos assumidos pelo emblema do leão nos bem-sucedidos 3008, 5008 e 508, o mais pequeno da família surge com uma assinatura luminosa que não passa despercebida em lado nenhum: três garras nos projectores Full LED que se associam a um alongado e esculpido capot e a alargados guarda-lamas. Com um só corpo, trabalhado no sentido de promover a aerodinâmica e reduzir o atrito ao rolamento, o modelo apresenta-se com três sistemas de motorização possíveis: electricidade, gasolina e diesel. A gasolina, a aposta concentra-se no PureTech 1.2 de três cilindros, nas declinações de 75, 100 e 130cv, enquanto a gasóleo há uma única proposta, com o BlueHDi 1.5 com 100cv. Já o e-208 promete uma autonomia em torno dos 340 quilómetros. No interior, destaque para o cuidado com os detalhes, assim como para a estreia de uma nova geração do i-Cockpit, incluído de série. Na estrada, é difícil não ser divertido, ainda que a diversão que pede acabe por agravar consumos. Mas confesse-se o guilty pleasure: pela agilidade que revela, vale bem a pena.

Foto

Skoda Scala

A marca checa do Grupo Volkswagen há muito que nos habituou a produtos de excelência, e o Scala não é excepção. Pensado para rivalizar com os tubarões do segmento C, por onde navegam familiares compactos como VW Golf, Renault Mégane ou Peugeot 308, o Scala ganha pontos na habitabilidade (como é, aliás, apanágio do emblema), sobretudo para os passageiros traseiros — o que poderá ser um bom aliciante para uma compra familiar. Também a mala é uma das maiores do segmento, com capacidade para 467 litros. A somar a isto, chega com as soluções simply clever que integram coisas tão simples e tão necessárias (e, ao mesmo tempo, tão raras de encontrar noutros automóveis) como um funil para o depósito de água do limpa pára-brisas ou um espaço dentro das portas para guardar o guarda-chuva. As propostas, quer de motorizações quer de equipamento, são também simples: o 1.0 TSI de três cilindros desdobra-se em 95 e 116cv; o 1.6 TDI conta com 116cv. No equipamento, dois níveis: Ambition, com sensores de estacionamento traseiro, ar condicionado ou cruise control, e Style, que acrescenta o painel de instrumentos digital ou os faróis full LED. Em termos de segurança, o Euro NCAP premiou o Scala com cinco estrelas, tendo o automóvel obtido um valor digno de registo na segurança dos ocupantes adultos: 97%.

Foto

Toyota Corolla

Há mais de uma década, o Corolla andava perdido no mercado nacional, com o desaparecimento das carroçarias mais apetecíveis, hatchback e carrinha, assumidas pelo Auris. A plataforma era a mesma, mas o nome e a identidade mudavam. Agora, a marca nipónica arrepiou (e bem) caminho, sabendo aproveitar o longo historial de fiabilidade do Corolla, que, recuperando a designação do modelo lançado originalmente em 1966, compôs uma só família de três distintos corpos: hatch, sedan e a carrinha Touring Sports. Por dentro e por fora, a evolução do design e da arrumação é evidente, tendo os japoneses conseguido uma família de carros que agrada aos europeus, mas onde mais o Corolla se destaca é na qualidade dos materiais e numa construção correcta. Nas motorizações, são os híbridos que mais se destacam: o 1.8 Hybrid de 122 cv e o 2.0 Hybrid de 180 cv, que parecem reflectir dois distintos mundos, sendo de referir o trabalho em torno da caixa CVT, muito distante daquela realidade que, pelo barulho, nos deixava a pensar que já íamos a 100 quando o carro mal arrancara — actualmente, o gap existente é, por vezes, imperceptível. Há ainda uma proposta só a gasolina, com o 1.2T de 116cv, sendo de referir a total ausência de modelos diesel. Em termos de equipamento, o Corolla vem bem recheado de base, incluindo de série o Toyota Safety Sense, com Sistema de Segurança Pré-colisão, cruise control adaptativo, entre outras funcionalidades, o que terá contribuído na obtenção das cinco estrelas Euro NCAP.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários