VianaPolis acorda “expropriação amigável” com proprietário de casa no prédio Coutinho
Está ainda em análise no tribunal uma providência cautelar, apresentada em Julho pelos moradores que restam, e que travou a demolição do edifício.
A VianaPolis acordou a “expropriação amigável” com o proprietário de uma fracção no prédio Coutinho, em Viana do Castelo, onde permanecem sete pessoas, em cinco casas, que aguardam o desfecho da providência cautelar que travou a desconstrução do edifício.
Contactada pela agência Lusa, fonte da sociedade que gere o programa Polis de Viana do Castelo adiantou que aquela “habitação integrava um conjunto de seis fracções, pertencentes a cinco proprietários” que, em Junho, a VianaPolis tentou despejar na sequência de uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) que declarou improcedente a providência cautelar movida pelos últimos moradores do edifício, em Março de 2018.
No entanto, aqueles moradores recusaram sair e, em Julho, o mesmo tribunal aceitou uma nova providência cautelar e suspendeu os despejos e a desconstrução do edifício. A contestação à habilitação de herdeiros da mulher de um dos moradores no prédio, que morreu em Julho, continua a atrasar o desfecho daquele processo judicial.
Em comunicado enviado esta terça-feira à imprensa, a VianaPolis explicou que com o acordo, “recentemente firmado, a fracção em causa fica propriedade plena da VianaPolis e como tal totalmente libertada”.
“Com este acordo, homologado pelo tribunal competente, a VianaPolis desiste da acção cível de indemnização que intentou que apresentou contra estes expropriados, mantendo-as para os restantes ocupantes do Edifício Jardim”.
A VianaPolis destaca ainda ser a “titular de todas as fracções, quer por acordos amigáveis quer por adjudicações judiciais”.
Em Janeiro, a VianaPolis interpôs uma acção de responsabilidade civil contra os “ocupantes” do prédio para ser ressarcida de 845.197,80 euros pelo adiar da desconstrução do edifício.
A acção deu entrada no dia 14 no tribunal judicial de Viana do Castelo, na sequência da “não entrega voluntária das chaves das fracções, o que deveria ter ocorrido após a posse administrativa e, de modo ainda mais evidente, após a propriedade das fracções ter sido judicialmente adjudicada à VianaPolis”.
Anteriormente à Lusa, fonte da sociedade justificou aquela acção com a “ocupação ilegal” das fracções do edifício de 13 andares que “obrigou a nova prorrogação do prazo de vida da VianaPolis, por mais um ano”.
“A acção judicial dará entrada até final de Janeiro reclamando uma indemnização por todos os custos associados à desobediência das decisões judiciais”, sustentou na altura a fonte da sociedade detida em 60% pelo Estado e, em 40%, pela Câmara de Viana do Castelo.
A 5 de Julho do ano passado, em declarações aos jornalistas, em Viana do Castelo, o ministro Matos Fernandes disse que os últimos moradores no prédio Coutinho iriam ser processados pelos custos causados ao Estado, desde Outubro de 2016, com o adiar da desconstrução do edifício. Matos Fernandes adiantou que a sociedade VianaPolis “custa cerca de 30 mil euros por mês”.
Além daquela acção, os últimos moradores começaram a ser ouvidos, em Dezembro, no âmbito de uma queixa-crime interposta, em Junho último, pela sociedade, por “ocupação ilegal de bem público”.
Nesse mês, a VianaPolis iniciou o despejo “de seis fracções”, na sequência de uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) que declarou improcedente a providência cautelar movida em Março de 2018.
No entanto, aqueles moradores recusaram sair e, em Julho, o mesmo tribunal aceitou uma nova providência cautelar e suspendeu os despejos e a desconstrução do edifício.
O edifício Jardim, localmente conhecido como prédio Coutinho, tem desconstrução prevista desde 2000, ao abrigo do programa Polis, mas a batalha judicial iniciada desde então pelos moradores tem vindo a travar o processo.