AKK renuncia a ser sucessora de Merkel depois de a CDU se ter aliado à extrema-direita na Turíngia
Kramp-Karrenbauer não se vai candidatar ao cargo de chanceler em 2021 e vai abdicar da chefia dos democratas-cristãos alemães no final do ano. Divisões internas, maus resultados eleitorais e aproximação de algumas facções à extrema-direita estão na base da decisão.
Annegret Kramp-Karrenbauer informou esta segunda-feira a direcção executiva da União Democrata-Cristã (CDU) que não vai ser candidata ao cargo de chanceler da Alemanha, nas eleições do próximo ano, e, que, por isso mesmo, também vai abandonar a liderança do partido após o congresso de Dezembro.
Esta decisão lança ainda mais incerteza ao, já de si, problemático futuro da CDU pós-Angela Merkel, que sai de cena no final do ano, 15 anos depois de ter chegado à chefia do Governo alemão.
A sua sucessora na liderança dos democratas-cristãos, e actual ministra da Defesa, ocupa o mais alto cargo da CDU desde Dezembro de 2018, mas tem revelado muitas dificuldades em unir o partido e em reagir aos maus resultados eleitorais dos últimos meses – particularmente nas eleições para o Parlamento Europeu, em Maio do ano passado.
Um cenário de agitação interna na CDU que tem feito aumentar a pressão da oposição interna exercida por Friedrich Merz, candidato derrotado por Kramp-Karrembauer nas eleições para líder do partido de 2018.
As aproximações de algumas franjas da CDU ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) também fragilizaram a liderança de AKK, como é conhecida a dirigente democrata-cristã.
A cooperação recente entre as repartições locais de ambas as forças no estado-federado na Turíngia – uniram-se para afastar o Die Linke (esquerda radical) do governo local – terá sido a gota de água. Kramp-Karrenbauer ordenou à CDU local que não votasse no candidato dos liberais do FDP, Thomas Kemmerich, ao lado da AfD, mas foi desautorizada.
O facto de as declarações mais impactantes de condenação da jogada política na Turíngia terem vindo de Merkel – falou de um comportamento “imperdoável” da CDU – enfatizou ainda mais perda de autoridade da sua sucessora.
Um porta-voz de AKK revelou que a líder da CDU vai agora “organizar o processo de escolha do candidato a chanceler, continuar a preparar o partido para o futuro e abdicar da liderança”. Está ainda prevista uma declaração aos jornalistas esta segunda-feira ao final da manhã.