Um terço dos habitantes das Beiras e Serra da Estrela vive em “condições indignas”

Estudo do Instituto Politécnico da Guarda identifica agregados familiares e os cidadãos que vivam em condições habitacionais consideradas indignas. “Número é maior do que imaginávamos” reconhece presidente do Instituto.

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Estudo mostra elevado número de agregados a viver em situações precárias Ricardo Lopes/ARQUIVO

Cerca de um terço dos habitantes das Beiras e Serra da Estrela “vive em condições indignas” e em situação de “grave carência habitacional”, concluiu um estudo do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), divulgado este domingo.

Segundo um comunicado do IPG enviado à agência Lusa, “o número de famílias que vivem situações de grave carência habitacional na região das Beiras e Serra da Estrela ultrapassa os 30%”, de acordo com estudos desenvolvidos por investigadores que participam em projectos promovidos na Unidade de Investigação do Desenvolvimento do Interior daquela instituição de ensino superior. “São muitas as famílias que residem em habitações precárias na região das Beiras”, refere o IPG. 

O IPG, em conjunto com as câmaras municipais da região de influência, está a fazer “um diagnóstico à forma como as pessoas vivem e a criar soluções habitacionais”. O diagnóstico surge através de uma prestação de serviços que envolve professores e estudantes do IPG integrados no processo de ensino aprendizagem desenvolvido nos TESP (cursos técnicos superiores profissionais), licenciaturas e mestrados.

“O número de pessoas a viver em situações precárias é maior do que imaginávamos”, refere o presidente do IPG, Joaquim Brigas. O projecto em curso identifica agregados familiares e os cidadãos que vivam em condições habitacionais consideradas indignas numa dada região e, deste modo, pretende encontrar alternativas para eliminar problemas como acessibilidade, habitabilidade, saneamento e conforto térmico.

“Com estas medidas, tornamos possível a habitação como um direito e garantimos melhores condições a quem não tem possibilidade de as ter”, afirma o responsável. O IPG “ajuda a que sejam respondidas as necessidades básicas da população e a revitalizar os territórios de baixa densidade” na qual se encontra o Politécnico.

“Estamos a delinear estratégias na nossa área de influência através de uma visita porta a porta a famílias que vivem tanto em zonas rurais, como em zonas urbanas”, explica ainda Joaquim Brigas.

O documento pretende desenhar a Estratégia Local de Habitação (ELH) para um concelho em Portugal e possibilitará a elaboração de uma candidatura ao programa “1º Direito”, uma medida de apoio público à promoção de soluções habitacionais destinadas a cidadãos e agregados que vivem em condições de carência financeira, entre outros programas de apoio.

O “1º Direito” enquadra-se numa série de outros programas criados pela Estratégia Nacional para a Habitação, cujo objectivo principal foi o de facilitar o acesso das famílias portuguesas à habitação através da reabilitação urbana, arrendamento habitacional e requalificação dos alojamentos, lembra o IPG.

Os programas relacionados com a habitação, as mudanças sentidas e as metas para o futuro serão discutidos na conferência “Nova Geração de Políticas de Habitação”, a realizar na terça-feira, pelas 14:30, no auditório do IPG.

A sessão terá como oradora Ana Cruz, directora de Gestão do Norte do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana.