FC Porto poderoso nas bolas paradas, Benfica forte na adversidade

Há sete pontos a separarem os dois grandes candidatos ao título antes de um jogo da máxima importância no Estádio do Dragão. O PÚBLICO fez uma prova dos factos para ajudar a esclarecer algumas das ideias feitas sobre os dois rivais.

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Rafa e Manafá no último FC Porto-Benfica LUSA/OCTÁVIO PASSOS

A poucas horas do clássico entre FC Porto e Benfica (20h30, SportTV), que poderá relançar de imediato a luta pelo título ou manter os dois rivais separados por uma margem significativa (que é actualmente de sete pontos), o PÚBLICO ajuda-o a desconstruir algumas ideias feitas em torno do líder e vice--líder da I Liga. Da profundidade do plantel “encarnado” à força portista nas bolas paradas, passando pela supremacia dos “dragões” em casa, o jogo grande da 20.ª jornada é analisado pela via dos números: seis ideias sobre os candidatos que as estatísticas comprovam ou rebatem.

O FC Porto tem um plantel menos profundo e Bruno Lage tira mais “coelhos” do banco? 

Sim, é verdade. É habitual inferir-se que o plantel do Benfica tem mais soluções, mas esta ideia não se fica pelo senso comum. Os números ajudam a perceber que, na I Liga, Bruno Lage tem feito um uso tremendo do banco de suplentes e o Benfica é a equipa cujos suplentes utilizados mais vezes têm participação directa em golos da equipa: 12. A diferença para o FC Porto é… o dobro. Um handicap tremendo dos “dragões” e algo que atesta a menor influência dos suplentes de Sérgio Conceição. E isto, em abstracto, permite concluir que o plantel do Benfica tem mais e melhores soluções. Ou, no mínimo, soluções mais influentes nos jogos.

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O Benfica tem feito a diferença para o FC Porto pela capacidade de mudar resultados adversos? 

Sim, é verdade. É um facto que os “encarnados” sabem virar resultados desfavoráveis, já que são a equipa com maior percentagem de vitórias após desvantagem (75%). O FC Porto, por outro lado, venceu apenas dois dos seis encontros em que esteve em desvantagem, somando uns bastante mais baixos 33%. Apesar de estes dados nos levarem a concluir que, de facto, o Benfica tem sido bastante mais capaz do que o FC Porto a dar a volta ao marcador, os pontos totais conquistados nestas circunstâncias acabam por equivaler-se: o Benfica somou nove pontos após desvantagem, enquanto o FC Porto somou oito. Em termos absolutos, há equilíbrio, mas o dado mais rigoroso - o da percentagem de vitórias após adversidade - pende para o Benfica.

O FC Porto faz a diferença no jogo aéreo e nas bolas paradas?

Sim, faz. A força portista nestes capítulos do jogo tem base factual. Na Liga, apenas Boavista e Paços de Ferreira ganham mais duelos aéreos por encontro do que o FC Porto, que vence 18,8 lances deste tipo por partida. O Benfica, por outro lado, surge na cauda deste ranking, como a terceira equipa menos capaz pelo ar. “Ganhar lances aéreos não dá, por si só, vantagem no jogo”, dirão os mais cépticos. Mas a verdade é que o FC Porto é, com 13 golos, a equipa mais concretizadora em lances de bola parada no campeonato e a que tem mais golos de cabeça. A nível individual, Marcano já leva cinco golos na Liga e Soares já somou quatro de cabeça. Colectiva e individualmente, o FC Porto faz a diferença pelo ar e nas bolas paradas.

Com Marega em quebra e Corona e Luis Díaz em alta, os “dragões” apostam mais na construção apoiada e menos na profundidade?

Não é verdade. Apesar de poder ser uma conclusão evidente, o FC Porto não se tornou, em 2019-20, uma equipa menos adepta da exploração do espaço nas costas das defesas, algo corroborado pelas estatísticas: de 2018-19 para 2019-20 não houve uma mudança significativa no número de passes longos dos “dragões” (64 para 63 passes longos por jogo). E mesmo a percentagem de acerto e dos passes longos mantêm-se estáveis. A sensação de que o FC Porto tira menos partido da profundidade do que na temporada anterior pode advir, talvez, do menor aproveitamento que tem sido feito: aí, o mau momento de Moussa Marega pode influir bastante, com o maliano menos assertivo na definição.

O Benfica tem vencido muitos jogos “ao cair do pano”?

Sim, é verdade. Seja “estrelinha de campeão” ou resiliência, o facto é que os “encarnados” são a equipa da I Liga com mais golos marcados na última meia hora dos jogos (20) e nos últimos 15 minutos (12). São também, tal como o FC Porto e o V. Guimarães, a equipa que mais marca nos descontos (3). Se olharmos para os 12 golos apontados nos últimos 15 minutos dos jogos, sete significaram mudança de resultado - destaque para os triunfos oferecidos por Chiquinho frente ao Belenenses SAD (78’), Pizzi diante do Santa Clara (78’), Pizzi e Almeida frente ao Desp. Aves (76’ e 89’), Rafa e Seferovic sobre o Moreirense (85’ e 90+1’) e Rafa ante o Sporting (80’).

Jogar no Estádio do Dragão continua a ser um suplício para o Benfica?

Não necessariamente. Pelo menos, nos últimos anos. É certo que o registo histórico do Benfica nas Antas/Dragão não impressiona - 14 vitórias em 85 jogos para a Liga -, mas os “encarnados” atravessam, neste momento, o melhor período de sempre. O Benfica, que chega a este jogo numa série de 16 vitórias na Liga, não perde no campo do FC Porto desde Novembro de 2016 - são três anos e três meses aproximadamente, um recorde

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