Benfica voltou a despertar o lado feroz do “dragão”
Tal como tinha acontecido no Estádio da Luz, os “encarnados” deram 45 minutos de avanço e, meio campeonato depois, foram novamente derrotados pelo FC Porto.
Os jogos estão separados por cinco meses e 16 dias, mas qualquer semelhança entre os dois clássicos disputados nesta época entre Benfica e FC Porto não é mera coincidência. Tal como tinha acontecido a 24 de Agosto, no Estádio da Luz, uma exibição portista repleta de ambição e garra nos primeiros 45 minutos foi premiada com a conquista de três pontos frente ao principal rival. Num duelo de qualidade onde o Benfica voltou a despertar o lado feroz do “dragão”, o triunfo da equipa de Sérgio Conceição, por 3-2, encurta a vantagem benfiquista no campeonato para quatro pontos e mantém tudo em aberto na luta pelo título.
A cerca de uma hora do início da partida, o anúncio do “onze” escolhido por Conceição para um jogo em que ao FC Porto restava ganhar ou ganhar, mostrava que o técnico queria desde o minuto zero atacar os imprescindíveis três pontos. Na antevisão, o treinador tinha afirmado que Pepe estava “melhor” e Danilo continuava “a trabalhar no ginásio”. A revelação dos portistas eleitos confirmou que não havia qualquer bluff: após mais de um mês de fora por lesão, o central reocupava o seu lugar ao lado de Marcano; pelo quarto jogo consecutivo o médio não era opção, forçando a nova parceria entre Uribe e Sérgio Oliveira. No resto, o FC Porto era uma equipa de tracção bem à frente, com Corona e Otávio no flanco direito, Telles e Luis Díaz na esquerda, e uma dupla formada por Marega e Soares que pisava quase sempre os terrenos dos centrais “encarnados”.
Do outro lado, Lage, que tinha garantido que não “comprava” nenhum empate antes do jogo, mostrou respeito e cautelas. Sem Gabriel, não houve surpresa na escolha de Weigl e Taarabt para a batalha que foi para homens de barba rija a meio campo, mas na frente houve um pequeno recuo do técnico “encarnado”. Após uma série de jogos a provocar estragos nas costas de Vinícius, Lage voltou a colocar Rafa na esquerda — Cervi foi para o banco —, preferindo apostar na segurança de Chiquinho no meio.
O resultado deste cocktail táctico foi um ascendente claro da equipa que abordou o jogo com mais ambição. Com uma entrada a todo o gás, o FC Porto não demorou em empurrar o Benfica para a sua área e Pepe, aos 7’, não aproveitou uma enorme falha da defesa benfiquista.
Não foi à primeira, foi à segunda. Com os níveis de intensidade do lado portista no máximo e sem que os benfiquistas conseguissem livrar-se do garrote, o FC Porto manteve a pressão e, aos 10’, marcou: Otávio desequilibrou na direita e colocou no centro da área, onde surgiu Sérgio Oliveira a rematar à meia volta.
Quase sem conseguir respirar até aí, o Benfica recompôs-se e ripostou tal e qual como o rival: primeiro ameaçou (Rafa, aos 15’), depois marcou. Em terrenos que não costuma pisar (direita), Rafa colocou na cabeça de um dos jogadores mais baixos em campo (Chiquinho) e a bola fez um arco, obrigando Marchesín a uma defesa incompleta que Vinícius aproveitou para fazer o empate.
Penálti contestado
Por momentos, alguns portistas terão tipo um déjà vu, mas a história da última época, quando o FC Porto ganhou vantagem permitindo depois a reviravolta, não se repetiu. Sem acusar o golpe, os “dragões” voltaram a arregaçar às mangas e o Benfica foi ao tapete. Aos 38’, Artur Soares Dias assinalou penálti por mão na bola de Ferro e Alex Telles, exorcizando os fantasmas portistas após o jogo com o Sp. Braga, não desperdiçou o penálti. E quase de seguida, com as “águias” em claras dificuldades, chegou o terceiro: Marega cruzou e Rúben Dias, a meias com Vlachodimos, colocou a bola na própria baliza.
Clássico resolvido? Nem por isso. Ao contrário do que tinha acontecido na primeira parte, o Benfica regressou bem mais agressivo após o intervalo e não demorou a marcar. Com Rafa novamente na jogada, Vinícius recebeu na área e, com classe, o brasileiro bisou e voltou a bater Marchesín.
Com ainda muito jogo pela frente, o FC Porto mostrou aí, pela primeira vez, algum receio. Obrigado a reagir, Lage socorreu-se dos avançados que tinha no banco (acabou o jogo com Pizzi, Rafa, Chiquinho, Vinícius, Seferovic e Dyego Sousa em campo), mas a anarquia táctica do lado benfiquista era óbvia e os “dragões”, com a equipa organizada, souberam defender a vantagem.
Apesar da boa reacção, o Benfica já tinha dado 45 minutos de avanço e, meio campeonato depois, o ciclo da invencibilidade “encarnada” terminou como tinha começado: com uma derrota frente ao FC Porto.